Esquerda cobra críticas de França a Bolsonaro

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Foto: Reprodução

A disputa acirrada por uma vaga no segundo turno em São Paulo deixa os candidatos de centro-esquerda numa posição delicada e alguns apoios começam a ser costurados antecipadamente. Com uma retórica de centro, o ex-governador Márcio França (PSB) terá dificuldades para atrair um apoio formal da esquerda num eventual segundo turno por sua proximidade com adeptos do bolsonarismo, em especial o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (MDB). Os dois estarão lado a lado hoje em evento de campanha de França na capital, em uma escola técnica.

O empresário foi um dos patrocinadores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), alinhou-se a Bolsonaro desde a campanha de 2018 e foi o principal articulador no Estado do Aliança Pelo Brasil, partido que o presidente tenta criar, sem sucesso. Ao se associar a alguém com essa bagagem, França acumula dificuldades para se aliar a partidos de esquerda, como o PT, caso vá para o segundo turno.

França tenta se equilibrar em meio a essa contradição. O PSB se aliou em São Paulo ao PDT do ex-ministro Ciro Gomes, crítico ferrenho de Bolsonaro. Ciro esteve na capital paulista nesta semana e fez campanha ao lado de França. Questionado pelo Valor se sua proximidade com Skaf não o coloca cada vez mais distante de um apoio formal da esquerda caso dispute o segundo turno, França disse que as pessoas mais simples não estão preocupadas com ideologia e justificou, ainda, que ele é o único candidato de centro-esquerda com chances de tirar votos de parte da direita e vencer a disputa.

“O que você pode fazer? Um exemplo: você é prefeito e não fala com policiais militares? A maioria deles gosta do estilo do Bolsonaro. Diversos generais apoiaram Bolsonaro para se livrar do PT. A técnica é convencer o outro campo, não lacrar no seu”, disse França.

Em debate ontem promovido pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), o candidato à prefeitura pelo PT, Jilmar Tatto, cobrou França. “O povo americano derrotou o Trump. Temos que fazer de São Paulo a cidade da resistência, da esperança. Vamos estar juntos, ano que vem, sendo prefeitos ou não, contra Bolsonaro?”, questionou Tatto. França disse não fazer distinção para manter conversas na política, e ressaltou que não tem proximidade com Bolsonaro. Mas não criticou o presidente.

“Márcio podia ser mais firme, mais incisivo, mas ele falou que não é bolsonarista. É uma evolução”, avaliou Tatto, ao Valor, após o debate. “Em relação a fascismo e autoritarismo você não pode titubear, tem que ser muito assertivo.”

O ex-governador negou que esteja poupando o presidente Bolsonaro. “As pessoas hoje resolveram fazer essa coisa de disputar 2022 em 2020. Estamos em eleição de prefeito. Para as pessoas comuns, as pessoas mais simples, essa história de qual posição ideológica você está é menos importante do que se tem médico ou não no posto de saúde, se tem vaga na creche ou não. Se eu ficar polemizando com isso, acho que é um equívoco. Nacionaliza a prefeitura. Em 2022 cada um vai ter sua posição. A minha nunca mudou.”

Para Tatto, o posicionamento de França é “meio confuso diante do que está acontecendo com o Brasil”. O petista lembrou que, quando deputado federal, França compôs a base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas, em São Paulo, sempre se aliou ao PSDB.

Ao Valor, tanto França quanto Tatto declararam ter uma relação de amizade um com o outro. O petista disse que o posicionamento do ex-governador não inviabilizaria uma aliança no segundo turno – caso Tatto passasse a essa etapa. “Com certeza no domingo à noite já vou ligar pra ele para pedir o apoio dele. Não tenho dificuldade nenhuma”, disse o petista.

França sustenta que a aproximação com Skaf não o afasta da esquerda. “Quanto mais voto tem o Tatto, menos terá o Guilherme Boulos (Psol). Já eu consigo entrar um pedaço do lado de lá”, disse o candidato do PSB. “Skaf tem uma aproximação com outro campo político, mas isso não tira a minha relação de amizade com ele. Vamos estar juntos.”

Segundo França, Ciro lhe disse que ele pode ser como Joe Biden em São Paulo e ganhar a simpatia da direita. “Os democratas, nos Estados Unidos, encontraram alguém que conseguiu entrar um pedacinho no voto do outro lado. Segundo turno é sempre assim, disputa muito apertada”, disse França.

O debate de ontem foi marcado pela cordialidade entre França e Boulos, que se uniram para criticar o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), e o padrinho dele, o governador João Doria (PSDB). O crescimento de Covas nas últimas pesquisas causou nas campanhas adversárias o temor de uma vitória do tucano já no primeiro turno.

Na oportunidade de interação que tiveram, França e Boulos usaram um tema da cidade, a controladoria-geral, para atacar Doria e Covas. Adiante, França disse que o prefeito escondia Doria. “Não tenho nada a esconder. Estranho seria se governador parasse seus afazeres para fazer campanha para mim”, respondeu Covas. França replicou que “Doria é um container para arrastar”. Já Boulos confrontou Covas sobre o combate à pandemia na cidade. “Quem escuta você falando nem parece que São Paulo foi a terceira mais cidade do mundo em mortes de covid-19”, disse o candidato do Psol.

Celso Russomanno (Republicanos), candidato do presidente Jair Bolsonaro, não citou o padrinho, como vinha fazendo até aqui. Em queda há três semanas, depois de ter liderado a corrida, Russomanno usou como estratégia o ataque a todos. Com suor aparente na testa, usou frases desconexas, leu suas falas e propostas e bateu boca com Arthur do Val (Patriota), que tem 5% de intenção de voto. Ambos disputam o eleitorado conservador.

A Arthur Do Val, que o questionou sobre sua formação, Russomanno disse: “Você devia enfiar a tua cabeça debaixo do rabo para entender o que eu sou.” Ao comentar uma resposta de Boulos sobre moradia popular, Russomano afirmou que o candidato do Psol era “um homem em pele de Boulos”.

Valor Econômico

 

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