Russomanno ataca Boulos por segundo turno

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Foto: Reprodução

A briga por um lugar no segundo turno das eleições municipais de São Paulo intensificou os embates entre Celso Russomanno (Republicanos) e Guilherme Boulos (PSOL) nos últimos dias. Na Justiça Eleitoral, os dois candidatos protagonizam uma guerra de pedidos de direito de resposta que ganhou impulso na semana passada, quando pesquisas passaram a identificar a queda na intenção de votos do candidato do Republicanos. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo já contabiliza ao menos 17 ações que envolvem os dois candidatos e seus partidos.

Na quinta-feira, 5, pesquisa Datafolha mostrou que Russomanno perdeu quatro pontos, chegando a 16%. Como a margem de erro é de três pontos porcentuais, o candidato, que tinha apoio de 20% dos eleitores em 22 de outubro, está tecnicamente empatado com Boulos, que soma 14%, e Márcio França (PSB), que tem 13%. O prefeito Bruno Covas (PSDB) lidera com 28%. O Ibope registrou movimento semelhante há sete dias. Entre 15 e 30 de outubro, Russomanno foi de 25% para 20% das intenções de voto, enquanto Boulos oscilou de 10% a 13% e França subiu de 7% a 11%. A margem de erro também é de três pontos.

Russomanno é o maior alvo de Boulos na Justiça, e também o candidato que protocolou o maior número de processos contra o candidato do PSOL.

O combate direto entre Russomanno e Boulos fez ressurgir no horário eleitoral a figura de Cleide Bezerra da Cruz, ex-caixa de supermercado que afirma ter sido humilhada pelo candidato do Republicanos em um programa de TV sobre direito do consumidor exibido em 2005. Na filmagem, ela diz que não pode passar um papel higiênico fora do pacote, e Russomanno afirma que ela pode ser presa por isso. Em 2016, a história da caixa de supermercado foi resgatada por adversários do deputado. No último dia 24, Boulos publicou nas redes sociais uma foto de Cleide e fez referência ao episódio de 15 anos atrás. “Que seu caso seja exemplo contra todas as formas de humilhação e agressão às mulheres”, escreveu.

Na propaganda eleitoral que foi ao ar na TV semana passada, Russomanno nega que tenha humilhado a caixa e ataca seu adversário. “Boulos, enganar para ganhar votos é tão grave quanto invadir residências.” A ligação entre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e a “invasão” de imóveis gerou um pedido de direito de resposta, aceito pela Justiça, e que foi ao ar na quarta-feira, 4, à noite. Nele, o candidato do PSOL volta a citar o caso da caixa.

Em outro texto relacionado a “invasão”, Russomanno promete uma “receita de Boulos de problemas”. “Pegue uma invasão de residência, junte com a cobrança de aluguel dos ocupantes de um prédio invadido, acrescente o uso de uma moça de supermercado para atacar um adversário”, diz a peça. Em outros processos no TRE, a campanha do Republicanos acusa o adversário de propaganda enganosa, impulsionamento irregular de publicações na internet e divulgação de notícias falsas.

Além de citar o caso da caixa de supermercado, Boulos tem atacado a relação de Russomanno com o presidente Jair Bolsonaro e decisões judiciais relacionadas à falência de um bar do qual o deputado foi sócio em Brasília. Num vídeo disponível nas redes sociais do candidato do PSOL, um cantor de rap diz que Russomanno “puxa saco de miliciano” e “mete a do Crivella pra cima de nós, cheio de esquema tipo Queiróz”. Essa peça rendeu uma decisão judicial favorável a Russomanno na Justiça.

Na quarta, Boulos entrou com a primeira representação por crime eleitoral contra o concorrente – ele alega que foi alvo de calúnia e difamação.

Segundo o coordenador da campanha de Boulos, Josué Rocha, o foco principal na reta final da campanha continua sendo romper a barreira de desconhecimento que separa o candidato do grande eleitorado na periferia. O embate com Russomanno e França, no entanto, também terá espaço. Nos próximos dias, Boulos vai tentar ligar França com a imagem do PSDB. O adversário foi vice-governador do tucano Geraldo Alckmin entre 2015 e abril de 2018, quando assumiu o governo do Estado. Embora estejam tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de votos, Boulos e França não se enfrentam em nenhum processo judicial.

Estadão

 

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