Vantagem de Covas caiu de 16 para 7 pontos

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Foto: Reprodução/ Valor Econômico

A eleição para Prefeitura de São Paulo chega à reta final em uma disputa acirrada entre o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), e o líder do MTST, Guilherme Boulos (Psol). Em uma semana, a diferença entre os dois candidatos caiu de 13 para 7 pontos. Covas tem 47% dos votos totais e Boulos, 40%, segundo pesquisa Datafolha divulgada ontem.

O clima amistoso da campanha no segundo turno mudou de tom à medida que diminuiu a distância entre os dois candidatos, jovens lideranças, os dois com menos de 40 anos de idade. Covas tentou colar a pecha de “radical” em Boulos e nesta semana vinculou o candidato do Psol aos regimes de Cuba e da Venezuela. Em seu programa eleitoral no rádio, o tucano disse que o candidato do Psol pretende desapropriar 40 mil casas. Já Boulos explorou denúncias contra o vice de Covas, o vereador Ricardo Nunes (MDB), acusado de violência contra a mulher e de participar de esquema de superfaturamento em creches. A campanha do Psol relembrou que os dois prefeitos eleitos pelo PSDB, José Serra e João Doria, deixaram o cargo para seus vices, para disputar o governo do Estado, e disse que isso poderá se repetir se Covas for reeleito.

O temor de uma segunda onda de coronavírus na cidade foi um dos temas centrais do segundo turno. São Paulo registrou 14,3 mil óbitos pela doença desde março. A ampliação do número de casos é sentida pela população e pode ter impacto nas urnas. Na periferia, há hospitais municipais de referência no tratamento da doença com 100% dos leitos de enfermaria ocupados com pacientes contaminados pelo novo coronavírus.

O prefeito, que já teve a doença, nega o aumento de casos de covid-19 e afasta a possibilidade de voltar a fechar comércios e serviços. Boulos acusa Covas de omitir informações e de não adotar medidas restritivas de isolamento para evitar um desgaste eleitoral. O próprio candidato do Psol aguarda para hoje o resultado de um teste para covid-19, feito por precaução depois de uma aliada com quem ele esteve ter sido diagnosticada com a doença. Boulos não apresenta sintomas e está confirmado no debate de hoje, da TV Globo.

O combate à pandemia é um dos principais desafios de Covas na busca pelo novo mandato. Em São Paulo, não é tradição reeleger o prefeito. Apenas Gilberto Kassab (PSD), que se elegeu como vice na chapa de José Serra (PSDB) em 2004, conseguiu a reeleição. A capital também não tem o costume de registrar “viradas” nas eleições, com a vitória do candidato que ficou em segundo lugar no primeiro turno, mas isso já aconteceu. Em 2012, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que hoje apoia Boulos, conseguiu o feito em cima de Serra. Na época, pesou contra Serra a fama de abandonar mandatos. É a mesma marca que Boulos tenta imprimir agora a Covas.

Apesar de o debate sobre a pandemia ter marcado o segundo turno, os eleitores só saberão depois de irem às urnas se a prefeitura adotará novas medidas restritivas de isolamento social. Isso porque, no dia seguinte ao da votação do primeiro turno, Doria adiou para depois do segundo turno a atualização do Plano São Paulo, que libera ou restringe atividades nas cidades de acordo com a gravidade da pandemia. A atualização será justamente um dia depois do segundo turno, na segunda-feira, dia 30.

A capital está na fase verde do plano, mas, segundo levantamento da TV Globo, o número de 726 internações hospitalares diárias seria suficiente para colocar a cidade na fase laranja, a segunda mais restritiva. O Centro de Contingência de Covid-19 em São Paulo recomendou restrição no funcionamento de atividades econômicas para controlar a contaminação. Boulos explorou inconsistências na ação da prefeitura e do governo do Estado frente à doença e lançou dúvidas sobre o adiamento da atualização do Plano São Paulo.

A desconfiança em torno da real situação da pandemia deixou apreensivas até mesmo lideranças do PSDB. Temem que, se houver piora dos indicadores e recrudescimento da quarentena, mesmo vencendo nas urnas, Covas comece a governar com a pecha de ter cometido estelionato eleitoral.

Com a diferença apertada nas intenções de voto, a campanha tucana teme ainda que o clima de medo da doença aumento a abstenção. Pesquisas mostram a força de Covas entre o eleitorado mais velho, que tende a evitar sair de casa por receio da contaminação sendo grupo de risco. No primeiro turno, a campanha de Covas calcula ter perdido cerca de 200 mil votos por conta da abstenção. O medo é que esse número aumente.

Covas passou para o segundo turno com 32,85% dos votos válidos, ante 20,24% de Boulos. O prefeito manteve as intenções de voto nas pesquisas e Boulos cresceu ao atrair eleitores que pretendiam votar em branco ou anular o voto.

Sinal de que a campanha de Covas sentiu o baque das pesquisas foi um apelo feito pelo prefeito a um deputado federal do Novo para que o fundador do partido, João Amoêdo, lhe declarasse apoio. O “apoio do Novo” resumiu-se à declaração de voto individual de duas vereadoras, um deputado estadual e outro federal. Amoêdo publicou no Twitter que “votar em Boulos é endossar ideias erradas”. Sobre Covas, nada disse.

Na campanha de rua, também houve uma mudança de estratégia. Covas esteve mais presente na região central da cidade do que nas periferias e encurtou as entrevistas que concedia ao final dos compromissos. O humor do candidato se deteriorou na última semana. Bateu boca com jornalistas e chegou a acusar um entrevistador em sabatina na rádio CBN de ser “pautado pela propaganda do Psol” e gostar de “acabar com a vida” do vice Ricardo Nunes (MDB).

Surpresa nas urnas e com um baixo conhecimento da população, o candidato do Psol aumentou sua exposição na propaganda eleitoral saltar dos parcos 17 segundos por bloco e duas inserções diárias no primeiro turno para 5 minutos e 25 inserções – mesmo tempo do candidato do PSDB, que no primeiro turno tinha o maior tempo de TV, com 3min29s.

A campanha de Covas reconhece que o candidato do Psol entrou no segundo turno com um ativo, o pouco conhecimento, com ao menos 15% dos eleitores sem saber quem ele era.

O líder do movimento dos sem-teto passou a buscar com mais intensidade o voto do eleitor que vive na periferia. Se no primeiro turno a candidatura de Boulos deslanchou nas redes sociais e engajou jovens e parte da classe média, no segundo turno o candidato do Psol reforçou seu laço com o povo e mostrou na propaganda sua militância de 20 anos nos movimentos de moradia. Como vacina à crítica de que não tem experiência administrativa, tem afirmado que a militância social lhe deu conhecimento que um mandato parlamentar não daria. Fiou-se também na experiência administrativa de sua vice, a deputada federal Luiza Erundina (Psol), ex-prefeita. Nas propagandas, tem pregado a esperança para vencer Covas.

Boulos procurou ampliar os apoiadores para reduzir a resistência da iniciativa privada à sua candidatura e buscou parte da elite. Para além de manifestos de artistas, intelectuais e de blocos de Carnaval, o candidato do Psol recebeu ontem o apoio de um grupo de 50 empresários e executivos do setor produtivo e financeiro, que lançaram o manifesto “Boulos e a necessidade de inovação na gestão de São Paulo”. (Leia mais nesta página). O candidato derrapou ao defender a contratação de servidores por meio de concursos públicos para reduzir o déficit da Previdência e, desde então, tem buscado detalhar as fontes de recursos para suas propostas e o custo de cada programa apresentado. As principais bandeiras devem custar R$ 29 bilhões em quatro anos.

No campo político, Boulos e o Psol tentam fazer de São Paulo uma vitrine para 2022, com a construção de uma frente ampla de esquerda, sem o protagonismo do PT. O candidato angariou o apoio de PT, PCdoB, PSB, PDT, Rede e de lideranças nacionais da esquerda, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a ex-senadora Marina Silva (Rede) e o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). As lideranças foram exibidas na propaganda eleitoral. Ao mesmo tempo, Boulos explorou os apoios recebidos por Covas para vinculá-lo ao presidente Jair Bolsonaro. Derrotados no primeiro turno, Celso Russomanno (Republicanos) e Joice Hasselmann (PSL) aderiram à campanha do tucano. As urnas mostram no domingo o peso de cada padrinho e o impacto para o eleitor da ameaça de uma nova onda de covid-19.

Valor Econômico

 

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