80 cientistas pedem fechamento do comércio e outras restrições

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Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

O momento atual de crescimento acentuado dos casos de Covid-19, sob apatia da população em relação a esse repique, requer medidas “urgentes” de retomada do distanciamento social para o país “não colocar a perder todo o esforço feito até agora”. Esse tom de alerta e gravidade consta da nota técnica mais recente emitida pelo Observatório Covid-19 BR, projeto multidisciplinar de cientistas para mitigação da pandemia, que reúne 80 técnicos e pesquisadores.

No documento publicado na manhã desta quinta-feira (17), o grupo manifesta preocupação com o entusiasmo que toma conta do público com as notícias sobre vacinação, pois o país nem sequer começou sua campanha de imunização, e ainda se passarão vários meses até que ela atinja uma parcela significativa da população.

Segundo os pesquisadores, o momento agora deve inspirar o mesmo grau de cautela que norteou ações em março, no início da pandemia, quando medidas mais duras foram tomadas para prevenir o contágio na comunidade.

“A diretriz básica seria o fechamento do comércio e serviços não essenciais. Em particular, o funcionamento de bares, restaurantes e academias deveria ser proibido, assim como festas e shows, em espaços públicos ou privados”, afirmam os especialistas “Reuniões com mais de seis pessoas devem ser fortemente desencorajadas. É necessária uma ação rápida, começando no meio desta semana e se prolongando até meados de janeiro, quando teríamos uma reavaliação.”

Entre os integrantes do grupo signatário do documento estão a epidemiologista Maria Amélia Veras, da Santa Casa de São Paulo, o físico Roberto Kraenkel, da Unesp, a cientista política Lorena Barberia, da USP e a sanitarista Márcia Caldas de Castro, da Universidade Harvard.

Segundo os cientistas, uma das motivações para a nota técnica é tentar prover uma referência para gestores de saúde das esferas municipais e estaduais que carecem de orientação federal para a resposta à Covid-19 em um momento crítico da evolução da pandemia, com aumento de casos e mortes.

— Nós temos uma preocupação com a dissonância que existe entre esse crescimento e aquilo que está sendo orientado e feito em termos de medida de flexibilização. Isso é muito angustiante — diz Maria Amélia, da Santa Casa.

Kraenkel da Unesp, que um dos responsáveis pelos modelos que o grupo de cientistas usa para projeções, diz que é importante o Brasil ter como referência a segunda onda de casos e mortes ocorrida em outros países.

— A gente não está propondo aqui nada excepcional. Uma grande parte dos países europeus está se sentindo obrigada agora a adotar medidas restritivas de circulação, certamente não por gosto, incluindo Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha e Bélgica — diz o físico.

Na nota, os pesquisadores reconhecem a situação de esgotamento que a população apresenta agora, mas afirmam que não há alternativa à retração no momento.

“O temor inicial do desconhecido e as incertezas sobre a gravidade da doença, assim como a percepção de se encontrar sob risco de contrair a infecção foram se dissipando. É compreensível o cansaço que a situação produz incertezas”, afirmam. “No entanto, precisamos nos perguntar: estamos seguros? Temos o direito de provocar mais adoecimento e mortes quando podemos ajudar a salvar vidas?.”

Uma das preocupações mais latentes da nota é o risco de aglomerações nas festas de fim de ano, pois o contágio entre familiares é uma das vias de espalhamento mais difíceis de conter da Covid-19. O texto não faz uso da palavra “lockdown”, mas os pesquisadores afirmam que em algumas cidades a situação já pede “toque de recolher noturno”. O auxílio emergência, dizem, é essencial para que populações carentes consigam ficar em distanciamento por mais tempo.

Na série de recomendações os pesquisadores manifestam maior preocupação com as regiões Sul e Sudeste agora e citam situações graves em São Paulo, Rio e Santa Catarina, mas não se dirigem nominalmente a governadores ou prefeitos. Há uma referência à “inação de governos municipais, estaduais e, principalmente, federal”.

Além de intensificação nas medidas que podem produzir distanciamento, os cientistas pedem mais empenho do poder público em organizar equipes de rastreamento e testagem de casos suspeitos, que podem ajudar a conter a disseminação do vírus.

Segundo Lorena Barberia, da USP, apesar do esgotamento e das perdas do setor produtivo, se medidas mais enérgicas não forem tomadas, a tragédia socioeconômica será ampliada.

— A gente está ciente do custo elevado que essas medidas têm para a economia e para a sociedade — diz. — Mas há um risco de a situação chegar rapidamente a um ponto crítico onde não teremos mais uma capacidade dinâmica de resposta.

A íntegra da nota técnica do Observatório Covid-19 BR pode ser lida no site do grupo (covid19br.github.io). O núcleo de cientistas, que oferece recursos de inteligência para a resposta a Covid-19, tem buscado compensar a ausência do poder de organização da União oferecendo orientação e análises para prefeituras e outros níveis de gestão pública. Na semana passada, os cientistas publicaram uma outra nota técnica apontando lacunas no plano de vacinação para a Covid-19 do governo federal.

O Globo

 

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