Bolsonaro manda divulgar gráfico falso sobre PIB

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Foto: Reprodução

Gráfico sobre o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre publicado pela Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência da República na quinta (3) gerou uma saraivada de críticas de economistas em redes sociais.

A peça, que foi apagada nesta sexta (4), compara estatísticas que não são comparáveis entre si e foi desenhada de maneira a deixar entender que a atividade econômica do país recuperou as perdas durante o período mais crítico da pandemia, o que não ocorreu.

“O governo inaugurou a pedalada de gráfico”, afirmou o economista Igor Rocha em mensagem pelo Twitter.

Junto ao gráfico, a Secom lembra fala do ministro da Economia, Paulo Guedes sobre a velocidade da recuperação. Guedes projetou inicialmente que seria um “V tipo Nike”, que cresce lentamente, mas que após a divulgação do PIB tinha certeza que “é uma volta em V mesmo, uma subida rápida”.

“Depois do PIB público e privado, o gráfico fake”, escreveu a economista Laura Carvalho, lembrando de outra polêmica gerada pela Secom, em março, quando o governo separou erroneamente a atividade econômica pública da privada para mostrar que o país ia bem.

Para especialistas, a peça publicitária publicada esta quinta erra, primeiro, ao usar como ponto de partida o PIB do ano de 2019 e compará-lo com os resultados trimestrais durante o ano de 2020.

“Quando se monta um gráfico, os dados têm que representar a mesma coisa”, diz o economista Otto Nogami, do Insper, para quem a estratégia da Secom foi “capciosa”. “Ele compara um ano inteiro com aquilo que aconteceu nos trimestres subsequentes.”

Olhando os dados trimestrais de 2019, afirma, é possível ver que a economia já vinha piorando ao longo do ano, antes mesmo da pandemia. “Por isso falamos que terminamos o ano de 2019 já com componente recessivo. Daí a coisa se agrava com a pandemia”, afirma.

O segundo problema apontado pelos especialistas é que o gráfico desconsidera que a variação trimestral do PIB é uma métrica relativa, que se refere à evolução em relação ao trimestre anterior. Isto é, o crescimento de 7,7% se dá sobre uma base depreciada pelos dois trimestres mais críticos da pandemia.

O uso das linhas, ao invés de barras, dá uma ideia errada de evolução do quadro. Para avaliar a evolução da atividade econômica ao longo do tempo, o próprio IBGE prefere usar um índice de base fixa, sobre o qual são aplicadas as variações trimestrais.

A série histórica desse índice começa em 2006, aplicando as variações trimestrais sobre uma base 100. O pico foi atingido no primeiro trimestre de 2014, antes da recessão iniciado no governo Dilma Rousseff. Nesse indicador, vê-se que o nível de atividade do terceiro trimestre deste ano esteve 4,1% abaixo do verificado no fim de 2019

Ou seja, a economia ainda não recuperou totalmente as perdas da pandemia. “Não é uma reação. Na verdade, é um processo de adequação da oferta à demanda”, diz Nogami, lembrando que o bom desempenho no terceiro trimestre já era esperado.

“Não podemos esquecer que, no período mais crítico, a economia parou. E à medida em que as famílias continuaram consumindo, os estoques acabaram. Essa performance do terceiro trimestre se refere mais a uma recomposição de estoque e ao atendimento de uma demanda reprimida”, analisa.

A expectativa é que o ritmo desacelere no quarto trimestre. “A partir do momento em que os estoques estiverem completos e demanda reprimida estiver saciada, os dados começam a se ajustar. É difícil esperar a repetição de 7,7%.”

Folha  

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