Mutação do coronavírus já está no Brasil

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Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil

Temerosos de que a mutação B.1.1.7 do novo coronavírus tenha uma capacidade de transmissão 70% maior do que a de outras linhagens do Sars-CoV-2, como apontam modelos matemáticos do governo do Reino Unido, país onde a prevalência da variante tem crescido nos útlimos meses, diversos países restringiram voos e viagens para destinos britânicos. A reação em cadeia levantou questionamentos: o Brasil, que já soma quase 7,3 milhões de casos da Covid-19, deve seguir o mesmo roteiro?

Para o médico sanitarista da Fiocruz Brasília Claudio Maierovitch, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a mutação britânica “certamente já está circulando no Brasil” se levado em conta o tempo em que a B.1.1.7 circula na Europa. A variante passou a chamar atenção depois que o governo do Reino Unido alertou que a linhagem poderia estar ligada ao aumento expressivo do contágio em regiões da Inglaterra.

Maierovitch afirma que é preciso acompanhar os desdobramentos da análise da mutação pela ciência, mas pontua que restringir apenas os voos britânicos teria poucos efeitos práticos, já que, na sua avaliação, rotas internacionais já contribuem para a disseminação do coronavírus. O médico sanitarista pondera, ainda, que o monitoramento sistemático de indivíduos que chegam do exterior, com testagens e rastreamento de contatos efetivos, seria eficaz na contenção de casos.

O governo federal deveria se alinhar a países que restringiram voos com origem no Reino Unido?
Se nós estivéssemos em um momento de transmissão controlada da Covid-19, não haveria dúvida de que a barreira estaria indicada. Se o Brasil estivesse com as condições sob controle, com a incidência baixando de forma significativa e sem uma transmissão tão importante, teríamos todas as razões para temer cepas de viajantes. No entanto, a situação no Brasil está fora de controle. A mutação certamente já está circulando no Brasil também, levando em conta o tempo que se supõe que se circula na Inglaterra.

Isso não deveria preocupar as autoridades brasileiras?
É muito difícil saber o significado dessa cepa que está predominando em alguns lugares da Inglaterra. Por causa desse predomínio, tem-se assumido que a cepa se transmite mais facilmente do que as outras, o que é possível. Só temos informações iniciais de que não há gravidade, mas tudo isso precisa ser confirmado. Alguns interlocutores no Reino Unido dizem que essa nova cepa não terá novos desafios em relação a imunidade. São interrogações.

Mas outros países decidiram pelo caminho das restrições.
As rotas aéreas continuam levando e trazendo gente de todas as partes do mundo para todas as regiões do planeta como se não houvesse uma pandemia. Independentemente de cepa, isso facilita muito a transmissão da Covid-19, por mais que o sistema de refrigeração de aviões tenha sido bem aprimorado, ela ainda acontece. Locais de embarque e desembarque têm aglomerações. Para mim é mais preocupante saber que estão viajando como se não houvesse pandemia do que saber que nós, por enquanto, não fechamos fronteiras para o Reino Unido para conter essa determinada cepa.

O mundo e o Brasil perderam a oportunidade de aprimorar a vigilância em aeroportos?
A Anvisa faz um trabalho rotineiro, não terá nenhum resultado específico em relação a esse momento novo. No início do ano, quando começamos a ter a possibilidade de transmissão (do coronavírus) no país, houve uma tentativa de implementação de quarentena, o que não funcionou. Precisaríamos de um sistema melhor para a detecção e o isolamento das pessoas com sintomas dentro do país no lugar da preocupação mais específica com os viajantes que vêm de fora. Eles se acrescentam àqueles que estão contraindo a doença no país.

A possibilidade de que a mutação seja 70% mais transmissível não pioriaria a situação do país?
Isso aumenta ainda mais a preocupação. Deveríamos estar em um momento no qual os voos internacionais estivessem suspensos, exceto para situações excepcionais. O mundo não conseguiu fazer isso, o Brasil muito menos. Mas, na maior parte do mundo, os viajantes brasileiros não estão sendo recebidos. Um sistema de identificação rápida no país, com testagem, isolamento e rastreamento de contatos, mostraria resultados muito melhores do que a preocupação com os voos. Desde que a população use máscaras e não haja reuniões, festas, visitas, um comportamento de vida normal que tem sido estimulado pelas autoridades.

Devemos, então, esperar um aumento substancial de casos diante da nova linhagem?
Pensando na hipótese de que a mutação se transmite mais, o caminho natural é que ela comece a predominar e que a velocidade de transmissão aumente. Mas mesmo os grupos que estão estudando esse comportamento no Reino Unido tem levantado dúvidas se a cepa se transmite mais rapidamente ou se houve uma coincidência entre a chegada dela e o verão europeu, um momento no qual as pessoas assumiram um comportamento de risco.

O Globo

 

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