Oposição apresenta exigências a candidato de Maia
Foto: Leonardo Rodrigues/Valor
Sob desconfiança de parte dos deputados de oposição, o líder do MDB e candidato à presidência da Câmara, Baleia Rossi (SP), se encontrará hoje com líderes dos partidos de esquerda e receberá uma “carta de procedimentos” com a qual eles esperam que ele se comprometa caso eleito. PT, PDT, PSB, PCdoB e Rede somam 120 deputados e anunciaram a participação no bloco parlamentar que dará sustentação a candidatura do emedebista.
“Vamos apresentar reivindicações procedimentais que nos deem a tranquilidade de que vamos poder cumprir o nosso dever de parlamentares de oposição”, disse o líder do PSB na Câmara, o deputado Alessandro Molon (RJ).
A carta é diferente da divulgada há uma semana, quando os partidos de esquerda defenderam um plano contra privatizações, contra a reforma administrativa e o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Aquele era um texto para destacar para a sociedade que, apesar da aliança com o grupo do presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) em torno da sua sucessão na Câmara, os compromissos dos partidos de oposição continuavam os mesmos.
O novo documento será fechado hoje de manhã, mas terá reivindicações regimentais e procedimentais, como haver amplo debate dos projetos, respeito ao regimento interno da Câmara, inclusão na pauta de projetos de decretos legislativos (PDLs) para sustar normas do governo quando elas ultrapassarem as prerrogativas do Executivo e instalação das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) quando a oposição conseguir as 171 assinaturas necessárias para instalação.
Segundo deputados ouvidos pelo Valor, o texto é um compromisso para consolidar os votos da oposição em Baleia e derrotar o líder do PP na Câmara, o deputado Arthur Lira (AL), que concorre com apoio do governo e do presidente Jair Bolsonaro. Apesar disso, Lira conta com votos dentro dos partidos de oposição pela relação pessoal com os parlamentares e a oferta de verbas orçamentárias. O voto é secreto.
Baleia enfrenta resistências no PT. Há os entusiastas da aliança para derrotar Bolsonaro, mas também há grupos a favor de candidatura própria, em especial no PT paulista, que o vê como aliado do projeto do PSDB de São Paulo.
O MDB ter liderado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também pesa. Inicialmente, o PT indicou preferência por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) na disputa interna sobre quem seria o candidato, mas ele desistiu de concorrer para não adiar ainda mais a escolha.
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