A jovem poeta negra que declamou na posse de Biden

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Foto: Alex Wong/Getty Images

Há duas semanas, Amanda Gorman, 22 anos, enfrentava dificuldades para terminar a obra mais importante da sua vida até então: o poema The Hill We Climb (A colina que escalamos, em tradução literal), escrito especialmente para a cerimônia de posse que sagrou Joe Biden como novo presidente do Estados Unidos, nesta terça-feira, 20. A obra ganhou seus últimos versos no dia 6 de janeiro, depois que apoiadores fervorosos de Donald Trump tomaram o Capitólio americano para questionar a vitoria do presidente-eleito. Ao declamar a poesia no Inauguration Day, Amanda se tornou a poeta mais jovem a participar da cerimônia, que já teve nomes como Robert Frost, Maya Angelou e Miller Williams.

Segundo a imprensa americana, Jill Biden, a mais nova primeira-dama do país, e professora doutora em língua inglesa, foi quem indicou o nome de Amanda para a cerimônia de posse. Em entrevista à Associated Press, Amanda revelou que os organizadores não lhe disseram exatamente o que escrever, mas pediram que ela passasse uma mensagem de união e evitasse depreciar quem quer que seja, até mesmo o governo anterior. Assim, o poema seguiua linha dos discursos de Biden, comedidos e envoltos em uma atmosfera de conciliação, dada a atual polarização do país, mas sem descartar a fragilidade do momento atual.

“Eu não estava tentando escrever algo que aquele evento [a invasão ao Capitólio] fosse pintado como uma irregularidade ou algo diferente da América que eu conheço. Os Estados Unidos estão bagunçados e ainda estamos no início do desenvolvimento de tudo o que podemos ser. Eu precisava reconhecer isso no poema, não poderia ignorar ou apagar este fato. Escrevi uma poesia de posse que reconhece essas cicatrizes e feridas com a esperança de que iremos nos curar”, explicou em entrevista ao Los Angeles Times.

No texto, ela diz: “Presenciamos uma força com o poder de quebrar a nossa nação ao invés de compartilhá-la/ Que destruiria o nosso país se isso significasse atrasar a democracia/ Esses esforços quase foram bem-sucedidos/ Mas enquanto a democracia pode ser periodicamente atrasada/ Ela nunca pode ser permanentemente derrotada/ Nessa verdade, nesse destino, nós confiamos/ Por um tempo mantivemos os olhos no futuro,/A história tem seus olhos abertos sobre nós”.

Este, porém, não é o primeiro feito da poetisa, nascida e criada em Los Angeles. Aos 16 anos, Amanda foi aclamada como Poeta Laureada da Juventude na cidade natal. Anos depois, em 2017, conquistou a mesma honraria, mas em nível nacional. No mesmo ano, ela declamou o poema In This Place (An American Lyric), de sua autoria, na cerimônia de aclamação de Tracy K Smith como a 22ª poeta laureada dos Estados Unidos. O poema condena as marchas de supremacistas brancos em Charlottesville e coloca a poesia como uma forma de resistência. Ela também já declamou seus textos poéticos para nomes como Al Gore, Hillary Clinton, Malala Yousafzai e Lin-Manuel Miranda.

Filha de uma professora primária, Amanda começou a escrever em diários nos parquinhos da escola, como uma forma de lidar com dificuldades que enfrentava na fala. Aos 14, passou frequentar a ONG Write Girl, que incentiva a escrita criativa de adolescentes em Los Angeles. “Quando você precisa se forçar a aprender determinados sons, quando precisa estar sempre atenta à sua pronúncia, isso te dá uma certa consciência de sonoridade e da experiência do ouvinte”, contou em entrevista ao Los Angeles Times.

Amanda publicou seu primeiro livro em 2015, intitulado The One for Food Is Not Enouh (Aquela para a qual a comida não é o suficiente, em tradução literal). No ano passado, se formou com honras em sociologia na Universidade de Harvard, uma das mais renomadas do país, e tem dois livros programados para serem lançados, uma coletânea de poesias e uma obra infantil.

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