Adolescentes e crianças trans estão sendo dizimados no Brasil

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Foto: Reprodução/Mães pela Diversidade

Keron Ravach, de 13 anos, foi assassinada com pauladas, chutes e socos em Camocim, no Ceará, nos primeiros dias deste ano. Seu corpo foi encontrado em um terreno baldio. O motivo do crime, segundo a polícia, foi ela cobrar uma dívida de R$ 50 por um encontro sexual que teve com o suspeito, de 17 anos.

A idade de Keron corresponde à idade média estimada em que travestis e mulheres transexuais são expulsas de casa pelos pais, observa Bruna Benevides. Mulher trans, negra, militar e uma das principais referências sobre o tema no país, ela é coautora do dossiê sobre assassinatos dessa população, divulgado nesta sexta (29), pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

A publicação, assinada ainda pela professora Sayonara Nogueira, também travesti e vice-presidente do Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), contabiliza os crimes a partir de reportagens e relatos de organizações LGBTQIA+, na falta de dados oficiais.

Entre 175 assassinatos reportados em 2020, 8 vítimas tinham entre 15 e 18 anos. A morte de Keron, que entrará para o relatório de 2021, baixa essa mínima em 2 anos, algo inédito para a pesquisa, que começou em 2017. Naquele ano, a vítima mais jovem tinha 16.

A idade média das vítimas no ano passado, pelo relatório da Antra, foi de 29,5 anos. A expectativa de vida de pessoas trans no Brasil é de 35 anos, enquanto a da população brasileira em geral passa dos 70 anos.

“Ser negra, mulher trans ou travesti, periférica ou favelada, do interior faz esta média (de 35 anos de vida) cair muito”, diz o relatório da Antra.

Bruna Benevides afirma ainda que as chances de ter a vida interrompida aumentam se, além de negra e pobre, a mulher trans for “fora do padrão, segundo a leitura social”. Ou seja, “se ela é aquela que de longe as pessoas já identificam como travesti”, explica.

Isso porque as transformações que podem aproximar as mulheres trans e travestis do “padrão” que a sociedade considera aceitável para uma mulher são privilégios de quem tem mais renda.

O relatório da Antra mostra um ciclo de exclusões e violências que vai até a morte das trans. Ele começa com a expulsão de casa, aos 13 anos, em média, passa pelo abandono da escola, da negação ao convívio social, ao emprego e pela falta de acesso a direitos fundamentais, sociais e políticos.

“Pessoas trans têm enfrentado níveis assustadores de rejeição familiar, geralmente, desde a mais tenra idade”, destacam Bruna e Sayonara no dossiê. “Essa rejeição pode ter um impacto devastador sobre os indivíduos e isolá-los dos espaços sociais essenciais ao seu bem-estar, além de provocar um aumento das dificuldades de acesso e continuidade na formação escolar.”

Dados do projeto Além do Arco-íris/Afro Reggae mencionados no relatório da Antra mostram que somente 0,02% da população trans está na universidade, 72% não possuem o ensino médio e 56%, o ensino fundamental.

Sem formação e rejeitadas do convívio social, 90% das trans recorrem à prostituição. E 72% das travestis mortas em 2020 eram profissionais do sexo.

G1  

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