Crise em Manaus é citada mil vezes por minuto no Twitter

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Michael Dantas/AFP

Após o sistema de saúde do Amazonas ter entrado em colapso, na última quinta-feira, devido ao alto número de internações de pacientes acometidos pela Covid-19, a falta de oxigênio nos hospitais, acarretando mortes por asfixia, chamou a atenção das redes sociais para a crise do estado. Dados da consultoria Arquimedes obtidos pelo Sonar mostram que o nome da capital foi mencionado 1,3 milhões de vezes no Twitter durante a última quinta-feira, auge da tragédia. O número corresponde a cerca de mil comentários por minuto, em média, ao longo de todo o dia.

O levantamento da Arquimedes mostra que a movimentação na plataforma ultrapassou o espectro político e envolveu participação expressiva de influenciadores digitais e artistas. Eles se mobilizaram em tom de solidariedade para tentar ajudar a resolver a crise em Manaus através de doações e de mensagens que pudessem dar visibilidade para o problema da cidade. Junto com eles, opositores e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro também se engajaram à causa, com discurso politizado.

A Arquimedes identificou que, entre eles, o youtuber piauiense Whindersson Nunes foi o responsável pelas publicações com mais impacto no Twitter sobre o tema. Também integram a lista a apresentadora e atriz Maisa e as cantoras Ludmilla, Iza e Roberta Miranda. Os influenciadores foram responsáveis por 58% das publicações com mais engajamento.

— Eu amo Manaus, a população do amazonense fez tudo pela minha carreira — diz Roberta, que contribuiu para a doação de cilindros de oxigênio viabilizada por Whindersson: — Ele convocou a campanha cobrou a classe artística. Assim como ele, concordo que é preciso ter a hora da devolução para as pessoas que nos acompanham. Quando eu vi o colapso em Manaus, me apavorei. O oxigênio é uma coisa trivial que as pessoas não estão tendo acessso. O descaso com a saúde é uma coisa inadmíssível. Por isso, desde ontem estamos organizando esse movimento solidário.

Ao mesmo tempo em que influenciadores traziam visibilidade ao caos vivido pela população em Manaus, usuários com discursos contra e a favor do presidente Bolsonaro aproveitaram o debate no Twitter para fazer publicações a respeito das responsabilidades de autoridades públicas na crise.

Opositores do governo federal foram responsáveis por 36% das menções a Manaus. A maior parte deles lamentou o ocorrido e responsabilizou Bolsonaro e o ministro da Saúe, Eduardo Pazuello, pela falta de oxigênio no município da região Norte. O principal argumento do grupo é que presidente e equipe negaram a gravidade da Covid-19 enquanto insistiam em tratamento precoce com a cloroquina, sem eficácia para a doença, criando uma tragédia que poderia ter sido evitada. A esquerda, em especial, aproveitou o momento para reforçar pedidos de abertura de impeachment contra Bolsonaro.

Do outro lado do espectro político, os bolsonaristas fizeram menos publicações sobre Manaus do que os críticos do presidente — 6% do total. Para defendê-lo, os apoiadores questionaram ações do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) e mencionaram investigações de corrupção em compras de respiradores e tentaram eximir Bolsonaro afirmando que o governo teria se prontificado a ajudar quando requisitado. Presidente e ministro afirmam, apesar da falta de evidências científicas, que o tratamento precoce com a cloroquina poderia ter mudado a situação de Manaus.

— A reação dos usuários das redes foi majoritariamente contra o governo. No entanto, não foi uma reação coordenada pela oposição política a Bolsonaro, mas com maior volume vindo de atores não-políticos, personalidades da internet como Whindersson Nunes. De certa forma também há um componente anti-político no fato de que há uma mobilização para “doação” de oxigênio muito grande nas redes por artistas e celebridades, em detrimento de soluções que passam pelo Estado — explica Pedro Bruzzi, sócio da Arquimedes e responsável pelo levantamento.

Ainda que criticados, Bolsonaro e o governo agiram rápido, de acordo com Bruzzi, e construíram uma narrativa eficiente para seu agrupamento: o de que a culpa é do governador do Amazonas, que não gastou os recursos enviados pelo governo federal e não se preparou para o momento.

— Ainda assim, o fato foi grave e se somou à lentidão do governo em iniciar a vacinação no País, bem como o agravamento da doença em nível nacional acompanhado das respostas polêmicas de Bolsonaro, culminando com a convocação de um panelaço e outras manifestações contra o governo hoje — completa Bruzzi.

Na opinião do professor João Guilherme Bastos dos Santos, doutor em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisador sobre internet do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), o movimento gerado pela crise em Manaus é um exemplo de movimento que se inicia na internet e vai além das barreiras digitais.

— Whindersson Nunes publicou no Twitter sobre a compra de cilindros, convocando amigos artistas. Já Felipe Neto chegou a citar que artistas estavam se mobilizando no WhatsApp, mostrando uma articulação de bastidores. Mesmo os que não doaram ajudaram a divulgar pedidos de doação e hashtags. Essa situação se realciona sobre o quanto artistas têm sido cobrados para tomar posições em emergências como essa, em que a ausência de providências claras das autoridades abre espaço para esse público — pontua Santos.

O Globo 

O blogueiro Eduardo Guimarães foi condenado pela Justiça paulista a indenizar o governador João Doria em 20 mil reais. A causa foi um erro no título de matéria do Blog da Cidadania. O processo tramitou em duas instâncias em seis meses DURANTE A PANDEMIA, com o Judiciário parado. Clique na imagem abaixo para ler a notícia

Quem quiser apoiar Eduardo e o Blog da Cidadania pode depositar na conta abaixo.

CARLOS EDUARDO CAIRO GUIMARÃES
BANCO 290 – PAG SEGURO INTERNET SA
AGÊNCIA 0001
CONTA 07626851-5
CPF 100.123.838-99

Eduardo foi condenado por sua ideologia. A ideia é intimidar pessoas de esquerda. Inclusive você. Colabore fazendo um ato político, ajudando Eduardo com qualquer quantia.