Dissidentes do PDT apoiam candidato de Bolsonaro
Foto: Saulo Angelo/Futura Press/Estadão Conteúdo
O candidato do PP à Presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), recebeu ontem o apoio dos cinco deputados do DEM da Bahia, base do presidente nacional do partido, ACM Neto, que oficialmente está aliado à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP). A campanha do emedebista já contava duas “traições”, mas foi surpreendida com o voto até de Paulo Azi, que dos cinco é o mais próximo de Neto.
Deputados do PSDB e do PDT, siglas que estão com Baleia, também declararam apoio a Lira nesse almoço. Entre aliados do emedebista, a grande preocupação na reta final é justamente diminuir as dissidências no seu bloco partidários. Os relatos entre eles são ambíguos: parte diz estar conquistando novos apoios silenciosos, de deputados que estão com medo de retaliação do governo, e parte afirma que há muito mais traições no campo de Baleia do que no de Lira.
A foto do encontro na Bahia foi distribuída por aliados do candidato do PP como demonstração de força e estimulou comentários sobre o atrito entre ACM Neto e o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Maia construiu a aliança em torno de Baleia e de uma candidatura “independente” ao presidente Jair Bolsonaro, que reuniu partidos de direita e de oposição. Ele contava com uma atuação mais incisiva do presidente do partido a favor de seu escolhido, mas Neto tem se mantido discreto dizendo que não pode atrapalhar a candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do Senado.
Ontem, Maia admitiu as dissidências, mas disse que entre 20 a 22 dos 29 deputados do DEM votarão em Baleia. Dentro da sigla, parte das declarações públicas de apoio é vista como a uma forma de não perder cargos no governo Bolsonaro, que tem ameaçado quem não votar em Lira.
Já os aliados do líder do PP dizem que os eleitores dele são maioria no partido e que trabalham para que o DEM se alie a Lira. “O partido tem que fazer uma lista de assinaturas para integrar um bloco e eles não terão maioria”, disse o deputado Arthur Maia (DEM-BA).
Além disso, há dissidências em outros partidos. O deputado pastor Alex Santana (PDT-BA) participou do encontro com Lira, mas nega o apoio. “Não fiz essa fala não. Apenas disse no almoço que gosto dele e que político precisa ter lado e palavra”, afirmou, em referência à fama de Lira de cumpridor de acordos. Mas, questionado se votará em Baleia, o pedetista se recusou a revelar. “O voto é secreto”, respondeu. Outros deputados do PDT, porém, dizem que ele vota em Lira.
O líder do PP evitou ontem um debate no Roda Viva, da TV Cultura, com seu principal adversário, mas em entrevista à imprensa defendeu que não há condições de prorrogar o Orçamento de Guerra (que em 2020 deu suporte aos gastos contra a covid-19), afirmou que a CPMF “não faz parte do contexto atual” e que quer aprovar a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 ainda em fevereiro – o correto teria sido votá-la em dezembro.
Lira disse que não há “condições econômicas” de manter o Orçamento de Guerra. “Não temos como ter mais um ano sem respeito ao teto de gastos, sem respeito às leis que aprovamos”, disse. Afirmou ainda que é preciso construir um novo programa social, mas que a margem para isso não pode focar só no fim do abono salarial.
O deputado criticou a falta de um parecer para a reforma tributária defendida por Maia e desconversou sobre a expectativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que sua eleição significará uma nova chance de aprovar um imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da extinta CPMF, para reduzir os encargos sobre a folha de salários. “Imposto sobre transações não é CPMF. Tem um novo mundo. Tem internet, tem os ‘Alibabas’ da vida, que estão fora da linha [de tributação]. Você acha justo que você pague imposto em cima do seu contracheque e empresas milionárias não sejam alcançadas? O que estávamos propondo naquela época era uma alíquota bem pequenininha para ter um parâmetro nacional, podia ser discutido. Mas isso não faz parte do contexto atual”, disse.
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