Empresários diz que política vai emperrar crescimento

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Foto: Reprodução

Os tropeços do governo federal na condução da campanha de vacinação para combater a covid-19 colocam em risco a retomada do crescimento do país. É crescente a insatisfação de empresários e do mercado financeiro, inclusive entre industriais e o alto escalão da Faria Lima que apoiavam declaradamente até há pouco tempo o governo de Jair Bolsonaro. Porém, mesmo com as recentes pesquisas indicando queda de popularidade do presidente, ainda há a percepção no setor privado de que não há força para o impeachment.

A indicação de que o governo poderá criar um novo auxílio emergencial é criticada por parte dos empresários, que veem na medida um sinal de que Bolsonaro deverá enterrar as chances de colocar as agendas de reformas econômicas na pauta de votação e adotará de vez um viés populista.

“Se o governo voltar a conceder auxílio e não sinalizar nada de reformas, não há possibilidade de volta dos investimentos no país”, diz um empresário de infraestrutura e energia.

Para ele, o presidente conduziu mal a questão sanitária, com negacionismo, e insiste em manter o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no cargo. Para outro industrial, que tem negócios dentro e fora do país, a crise política e as incertezas econômicas deverão retrair os investimentos de empresas no mercado local, uma vez que o ambiente de negócios é desfavorável e o custo Brasil é alto por conta da emaranhada estrutura tributária.

Empresários e executivos também não poupam críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes. “Ele é brilhante, mas não conseguiu implementar a agenda econômica. Preferiu comprar uma briga com o Rodrigo Maia [atual presidente da Câmara dos Deputados]”, diz um alto executivo da Faria Lima, que até há poucos meses participava de “lives” com o ministro. “Não é o momento de se discutir auxílio emergencial”, acrescenta.

Para outra fonte, o ministro Paulo Guedes “virou um zumbi no governo”, mas há um risco pior, caso ele saia, e Bolsonaro opte por um nome que reforce o viés populista.

A insatisfação com o governo é crescente nos bancos. As queixas vão da “incompetência” demonstrada na gestão das vacinas – nas palavras de um banqueiro – à falta de medidas concretas para que o país volte a crescer de forma sustentável e com equilíbrio fiscal. Para um dos executivos mais importantes do setor bancário, a economia vinha se recuperando surpreendentemente bem, com grande impulso do crédito, mas agora as incertezas voltaram e o país está “flertando com a criticidade” diante da segunda onda da pandemia e da possível retomada do auxílio fiscal sem a realização das reformas. “O país não tem nem Orçamento aprovado”, lembra.

Na visão desse interlocutor, a combinação de uma segunda onda da covid-19 com o surgimento de variantes do coronavírus e a desorganização no processo de vacinação forma um caldo preocupante no âmbito político. “Tem uma tragédia nas ruas. A gente começa a se preocupar com a possibilidade de se instaurar um caos social no país.”

Essa fonte questiona em que medida e com qual velocidade essa situação poderá implodir o capital político de Jair Bolsonaro. Apesar disso, o executivo considera remotas as chances de um impeachment – aponta risco de 3 ou 4 numa escala de zero a 10 -, já que ainda não se vê um clamor popular nesse sentido e os novos líderes do Congresso dificilmente chegarão com essa pauta. Ele diz também que o afastamento de Bolsonaro não é seu cenário preferido pelo desgaste que um processo desse tipo gera.

“Infelizmente, incompetência não é suficiente para o pedido de impeachment”, diz um banqueiro. Outro executivo do mercado financeiro afirma temer que o presidente se torne cada vez mais refém do Centrão. Essa fonte diz estar muito pessimista com as perspectivas para o primeiro semestre, com um começo de ano mais fraco que o normal para os negócios, inflação em alta, possibilidade de subida das taxas de juros, dificuldades na vacinação e crise política.

As eleições para as presidências da Câmara e do Senado são, neste momento, foco de total atenção dos bancos. Uma das fontes ouvidas pelo Valor deposita nas novas lideranças do Legislativo grande parte das expectativas de uma melhora no clima. Segundo ele, sem um aceno conciliador na política, o país não vai se reorganizar tão cedo. Há uma preferência mais clara do setor por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato à presidência do Senado, também apoiado por Bolsonaro.

Em relação ao processo na Câmara, os bancos têm sentimentos mistos, a despeito das investidas de Arthur Lira (PP-AL) no mercado financeiro. Uma fonte do setor vê tanto em Lira quanto no Baleia Rossi (MDB-SP) a capacidade de ajudar a apaziguar os ânimos. “Um por ser apoiado pelo governo e outro por ser conciliador, o saldo é que ambos conseguiriam fomentar um ambiente de concertação”, diz. Para outro executivo de banco, entretanto, o dólar pode ir a R$ 6 e a bolsa cair “uns 20 mil pontos” se Lira vencer, pois afetaria a confiança no país. Ele também critica o fato de Pacheco acenar com a volta do auxílio emergencial e a derrubada do teto de gastos.

No sábado, Baleia Rossi (PSDB-SP) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) reuniram-se em um hotel com 15 executivos e gestores para ouvi-los falar sobre compromisso com as reformas, caso ganhe, em evento da XP. Baleia tem dito que vai colocar pautas em votação e não tem compromisso com a esquerda.

Entre empresários e mercado financeiro, há também receio sobre a corrida eleitoral. Boa parte vê Bolsonaro forte para 2022, sobretudo se houver uma polarização entre direita e esquerda. Para um empresário da indústria, contudo, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) poderia ser um forte candidato, se conseguir se aliar a um nome de centro-esquerda.

Valor Econômico

 

 

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