PT volta a governar primeira cidade que governou

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Foto: Reprodução

“Sem querer ser pretensioso, nossa cidade é um termômetro da política nacional, eu estou acreditando muito nisso”. Com cerca de 420 mil habitantes, Diadema, na região metropolitana de São Paulo, parece ser um pêndulo para o PT: a cidade foi a primeira a eleger um prefeito do partido, em 1982. Em 2012, um ano antes dos protestos de junho que escancararam a fadiga da população com o partido, a cidade interrompeu uma sequência de três décadas de prefeitos petistas ou ex-petistas no comando da cidade. Quatro anos depois, quando o PT estava no fundo do poço da Lava-Jato, o partido sequer foi para o segundo turno.

“Com quase 30 anos de governo, acho que teve uma fadiga de material, uma antecipação do que teve em 2013 e 2014. Diadema teve alguns problemas, um cansaço, o povo quis experimentar outra coisa”, afirma José de Filippi Júnior, eleito na cidade e responsável por retomar o partido ao comando da cidade.

A vitória, entretanto, é muito diferente daquela de quase 40 anos atrás, quando Gilson Menezes se tornou o primeiro prefeito da história da sigla. A vitória, ao passo que é um sinal de retomada do partido na região em que nasceu e cresceu, também simboliza os problemas que o partido enfrenta: falta de renovação e um discurso fincado no passado. Filippi foi eleito em uma eleição apertada, vencendo com 51% dos votos válidos contra Taka Yamauchi, do PSD, até então pouco conhecido.

O clima de renovação que marcava o partido na época deu lugar a uma estratégia mais conservadora: aos 63 anos, Filippi já foi prefeito da cidade outras três vezes. Quando assumiu a prefeitura pela primeira vez, tinha 36 anos. Menezes, quando venceu em 1982, tinha 33 anos.

O prefeito eleito tenta agora se equilibrar entre a necessidade de voltar a fazer um governo bem aprovado para retomar a força do petismo na região onde surgiu e cresceu, mas defender alguns dos temas que causam calafrios a parte da população que passou a rejeitar a sigla. O resultado da eleição, no final de novembro, demonstrou que a cidade, assim como o país, permanece dividida.

Filippi venceu o candidato do PSD, Taka Yamauchi, com 51,3% dos votos válidos, após começar a apuração atrás do rival, que surpreendeu no primeiro turno. No segundo turno, a campanha de Yamauchi quase conseguiu mudar os rumos. Novamente, o calcanhar de Aquiles do petista foram as acusações de corrupção do partido.

“Tínhamos 20 pontos de vantagem no começo do segundo turno e caiu para três no dia da eleição depois de uma campanha que era só falando “não vote no PT da Lava-Jato, não vote no PT corrupto da Lava-Jato”. Acho que ganhei as pessoas que me conheciam. Então esse sentimento ainda está vivo. É como um veneno do agrotóxico que ainda está no coração do povo”, afirma o prefeito eleito.

O próprio Filippi chegou a ser alvo da Operação Lava-Jato durante a operação que conduziu o ex-presidente Lula coercitivamente, em abril de 2016. Ele foi tesoureiro de campanhas do PT, mas nunca chegou a ser indiciado ou denunciado pela operação. Questionado, entretanto, sobre a necessidade de uma autocrítica, o prefeito repete o discurso do partido de que a crise no país só seria solucionada se o ex-presidente Lula fosse autorizado a concorrer novamente.

“Isso não é bom para ninguém. Tem uma marca que foi colocada na nossa testa. Nós tivemos no nosso campo que usaram poder para benefício próprio? Tivemos. Tem que fazer a reparação ou processar ou identificar quem está cometendo erro. Teve gente que cometeu erros no PT mas não dá para dizer que é o partido inteiro. O que aconteceu foi um ataque generalizado”, afirma.

Mas no âmbito municipal, a situação é diferente: Filippi foi eleito com base em um discurso de retomar a atenção a problemas do cotidiano da população, como saúde e educação. Segundo ele, a principal meta é reorganizar a Prefeitura e retomar programas que foram implantados nas gestões petistas e descontinuados na gestão do atual prefeito, Lauro Michels.

Segundo números levantados pelo prefeito eleito, aproximadamente 120 mil dos 420 mil habitantes recebem auxílio emergencial. No ano que vem, quando o benefício possivelmente for suspenso, Filippi prevê uma situação de fragilidade da população mais pobre da cidade, ainda mais grave com a permanência da pandemia.

Segundo dados levantados por ÉPOCA, a região do ABCD, que inclui Diadema, é uma das mais afetadas pela chamada segunda onda do novo coronavírus. O número de novas internações, calculados pelo governo estadual, apontam que a cidade já voltou ao nível de casos que teve no auge da pandemia, entre junho e julho.

“O desafio para mim é muito maior que das outras vezes. Quero provar que o Filippi de 63 é melhor que 35. Eu preciso mostrar para mim mesmo, para a cidade e o PT”, afirma.

Época  

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