Milícias aguardaram orientações de Trump para invadir Capitólio

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Foto: JIM BOURG / REUTERS

Novos detalhes da investigação sobre a participação de milícias de extrema direita no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro foram revelados na quinta-feira, coincidindo com o terceiro dia do julgamento do segundo impeachment do ex-presidente Donald Trump. Segundo promotores, membros do grupo Oath Keepers discutiam um plano para transportar “armas pesadas” para Washington e planejavam a ação já logo após a vitória de Joe Biden nas eleições, no início de novembro. Também na quinta, cinco integrantes da milícia Proud Boys foram acusados de conspiração criminosa no ataque, segundo uma denúncia entregue à Justiça.

Até o momento, mais de 200 pessoas foram acusadas de crimes federais na invasão ao Capitólio, instigada pelo então presidente Trump para tentar barrar a homologação da vitória de Biden pelo Congresso. O episódio custou a vida de cinco pessoas e levou ao julgamento de impeachment de Trump nesta semana, sob a acusação de incitar a insurreição.

Nos novos relatos estão alegações de que um membro do Oath Keepers estava “aguardando orientação” do então presidente sobre como lidar com os resultados da votação nos dias que se seguiram à eleição. “O Potus (sigla para referir-se ao presidente no cargo) também tem o direito de ativar unidades. Se Trump me pedir para ir, eu vou.”, escreveu Jessica Watkins, militar reformada e membro do grupo, em uma mensagem de texto, para outro integrante da milícia em 9 de novembro.

A acusação contra Watkins e seus dois co-réus, Thomas Caldwell e Donovan Crowl, está entre as mais sérias que surgiram da vasta investigação sobre a invasão. Os promotores dizem que os três Oath Keepers, que enfrentam acusações de conspiração, parecem ter trabalhado com outros grupos extremistas e“começaram a conspirar para desfazer” os resultados da eleição logo após a sua realização.

Pouco depois de os três membros da milícia serem presos no mês passado, os promotores disseram que eles foram alguns dos primeiros manifestantes a planejarem sua parte no ataque ao Capitólio, em vez de simplesmente invadir o prédio espontaneamente. Agentes federais afirmaram que Caldwell, um ex-oficial da Marinha de 66 anos, aconselhou seus colegas membros da milícia a ficarem hospedados nos subúrbios de Washington, observando que o local oferecia uma boa base para “caçar à noite” – uma aparente referência a perseguir ativistas de esquerda. Watkins, dona de um bar de Ohio, aparentemente alugou um quarto no hotel sob um nome falso, disseram os promotores.

Em dois documentos judiciais apresentados na quinta-feira, os promotores ofereceram mais evidências de que os três milicianos planejaram o ataque, citando mensagens de texto que remontavam a novembro. Em uma mensagem de 16 de novembro, de acordo com os promotores, Crowl disse a Caldwell que a “guerra está no horizonte”. Uma semana depois, dizem os documentos do tribunal, Caldwell escreveu a Watkins para dizer que estava “preocupado com o futuro de nosso país”, acrescentando que eles teriam que “ser violentos para impedir isso”.

Temas semelhantes também foram abordados na mesma época pelo fundador e líder dos Oath Keepers, Stewart Rhodes, que disse ao teórico da conspiração Alex Jones em 10 de novembro que ele tinha homens estacionados fora de Washington preparados para agir sob o comando de Trump. Em um comício na cidade em 12 de dezembro, Rhodes pediu a Trump que invocasse o Ato de Insurreição (lei federal americana que dá poderes ao presidente para usar as Forças Armadas no próprio território em circunstâncias especiais, como para acabar com agitações civis e insurreições), sugerindo que o fracasso em fazê-lo resultaria em uma “guerra muito mais sangrenta”.

Os Oath Keepers, que em grande parte são integrados por ex-policiais e militares, parecem ter se coordenado antes do ataque ao Capitólio com outros grupos extremistas, dizem os promotores.

Em uma nova denúncia criminal contra membros dos Proud Boys, os promotores acusaram William Chrestman, Christopher Kuehne, Louis Enrique Colon, Felicia Konold e Cory Konold de conspirarem juntos para impedir a certificação da vitória eleitoral de Biden. Alega-se que já em dezembro os organizadores dos Proud Boys, incluindo seu líder Enrique Tarrio, incentivaram seus membros a viajar para Washington em 6 de janeiro.

Tarrio foi preso dois dias antes dos tumultos no Capitólio sob a acusação de possuir dois carregadores de rifle de alta capacidade e de queimar uma faixa do Black Lives Matter durante uma manifestação de apoiadores de Trump em dezembro. Até o momento, os investigadores formalizaram acusações contra pelo menos 18 pessoas que se acredita serem associadas ou aliadas dos Proud Boys.

Dois supostos membros de outra milícia extremista de direita, a Boogaloo, foram presos por agentes do FBI em Louisville, Kentucky, também na quinta-feira, sob acusações federais de instigar atos de violência por meio de redes sociais.

Caldwell, dos Oath Keepers, pediu a um juiz federal que o libertasse da prisão preventiva esta semana, dizendo que ele era um veterano da Marinha com mais de 30 anos de experiência em assuntos ultrassecretos. Ele também observou que, embora estivesse no Capitólio em 6 de janeiro, não fazia parte do grupo de Oath Keepers que entrou no edifício.

Nos documentos apresentados, os promotores refutaram esse argumento, já que Caldwell foi “uma figura-chave” no episódio. Eles observaram que em suas mensagens de texto ele descreveu o assassinato e a mutilação de pessoas que tinham pontos de vista opostos aos seus e se referiu aos adversários políticos como “socialistas”, “selvagens”, “vermes” e “baratas”.

Quando agentes federais revistaram a casa de Caldwell no estado da Virgínia no mês passado, descobriram um documento intitulado “Lista de Mortes” que continha o nome de um funcionário eleitoral não identificado de outro estado, disseram os promotores. Em uma busca na casa de Watkins, dizem os documentos do tribunal, os agentes descobriram várias armas de fogo, uma arma de paintball, tacos de sinuca cortados para “tamanho de bastão”, algemas de plástico e uma receita para fazer “um dispositivo destrutivo”.

Os promotores dizem que Watkins pode ter formado esse arsenal porque acreditava que a perspectiva de Biden se tornar presidente era “uma ameaça existencial”.

“Biden ainda pode ser nosso presidente. Se ele for, nosso modo de vida como o conhecemos acabou. Nossa república estaria acabada. Então, é nosso dever como americanos lutar, matar e morrer por nossos direitos. ”, escreveu ela em uma mensagem de texto em 17 de novembro.

O Globo 

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