Centrão pode muito, mas não tudo

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Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Arthur Lira (PP-AL) completa hoje um mês no comando da Câmara dos Deputados, e o dia a dia vem lhe ensinando que o seu grupo pode muito, mas não pode tudo em Brasília. A realidade — alvissareira para quem temia um rolo compressor após o revés de Rodrigo Maia — é que mesmo o todo-poderoso Centrão encontra obstáculos no projeto de se impor hegemônico na era Bolsonaro.

O saldo é de um episódio por semana após a vitória contra Baleia Rossi (MDB-SP). Logo no primeiro discurso como presidente, Lira subiu o tom e disse que a oposição não teria espaço na Mesa Diretora, desobedecendo a tradição da proporcionalidade no Congresso. Bastaram 24 horas de gritaria de deputados para o presidente da Câmara recuar e dar cargos na cúpula da Casa para partidos como o PT.

O caso Daniel Silveira carrega mais dois exemplos de mudanças de tom conforme a música toca. Na manhã seguinte à prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, Lira disse a interlocutores que a ação por ofício do Supremo Tribunal Federal (STF) tinha problemas. O deputado chegou a telefonar para alguns colegas de Moraes na Corte, mas, com o tempo, passou a entender nas conversas que era irreversível a situação de Silveira. O 11 a 0 no plenário pela manutenção da detenção o fez desistir de vez e parar de atuar pela soltura do deputado bolsonarista.

Em seguida, veio a oportunidade de atuar mais uma vez como porta-voz do Centrão com um projeto que blindaria ainda mais a classe política nas ações judiciais. Parecia que a “PEC da Imunidade” — batizada sarcasticamente por críticos como da “Impunidade” — ia passar de maneira relâmpago na Câmara. Não foi o que aconteceu. Primeiro, Lira e a sua turma reconheceram a necessidade de voltar atrás no texto e deixar de mexer em artigos da Lei da Ficha Limpa. Depois, admitiram que passar a proposta sem sequer tramitar em uma comissão especial escancararia demais o caráter oportunista da medida (além de abrir brecha para um questionamento no Judiciário). Por fim, houve receio de derrota no plenário, onde eram necessários 308 votos para a aprovação.

Mesmo a meta de Lira e companhia de avançar em cima da chave dos cofres da União foi travada por ora. Em entrevista ao GLOBO, o deputado defendeu a desvinculação dos recursos do Orçamento nas áreas de Educação e Saúde. Ousou dizer, em plena pandemia, que o ministério tocado pelo general Eduardo Pazuello tinha recursos demais à disposição. Dias depois, diante da pressão gigantesca de bancadas temáticas do Congresso e da sociedade civil contra a desvinculação, o relator da PEC Emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC), acabou retirando a ideia de Lira do texto.

Apesar das quatro derrotas de Lira, nas próximas semanas seguirão em curso as agendas do Centrão para reduzir a voz da esquerda, endossar o bolsonarismo, atacar o legado da Lava-Jato e aumentar a influência no Orçamento. O bloco quer reduzir os instrumentos que a oposição tem para obstruir a pauta; deseja entregar ao Planalto a eleição de Bia Kicis (PSL-DF) para a Comissão de Constituição e Justiça; articula mudanças nas leis de improbidade administrativa e lavagem de dinheiro, além de querer proteger escritórios de advocacia de operações policiais; e demanda uma reforma ministerial mais robusta que a feita até agora (entregar apenas o Ministério da Cidadania para o deputado João Roma, do Republicanos, está longe de ser considerado suficiente).

O Globo

 

 

 

 

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