Confira as investigações contra os filhos de Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução/PSL

Com a abertura de inquérito na Polícia Federal para a apurar tráfico de influência envolvendo Jair Renan Bolsonaro, os quatro filhos do presidente Jair Bolsonaro se tornaram alvos de investigações, seja do Ministério Público ou da PF. Dos três filhos políticos de Bolsonaro, Flávio é o único alvo de denúncia. O senador, seu ex-assessor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Fabrício Queiroz, e mais 15 pessoas foram denunciados por peculato, organização criminosa,lavagem de dinheiro e apropriação indébita no esquema que ficou conhecido como “rachadinha”. O vereador Carlos Bolsonaro também é investigado por um esquema semelhante ao do irmão em seu gabinete na Câmara de Vereadores do Rio. Já contra Eduardo, corre uma apuração na Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar a compra de imóveis no Rio feita em dinheiro em espécie.

As suspeitas sobre Jair Renan Bolsonaro envolvem a utilização de sua empresa de eventos, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, para promover articulações entre a Gramazini Granitos e Mármores Thomazini e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

O grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção e tem interesses junto ao governo federal presentou Jair Renan e um de seus parceiros comerciais com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil. Um mês após a doação, em outubro do ano passado, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, uma das empresas do conglomerado, se reuniu com Marinho. Segundo o ministério, o encontro, que também teve a participação de Jair Renan, foi marcado a pedido de um assessor especial da Presidência.

Apurações feitas pelo GLOBO apontam ainda que o grupo tem isenção de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) desde setembro de 2019, com validade até 2028. Isso significa que de 100% do imposto devido, apenas 25% é pago.

Nesta terça-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou dois recursos da defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) que pediam a anulação de provas e decisões judiciais que embasaram a investigação sobre o esquema das “rachadinhas” no antigo gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

O filho mais velho do presidente, Queiroz e mais 15 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pelos crimes de organização ciminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita no escândalo da rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj. A denúncia foi apresentada em outubro do ano passado.

O ex-assessor foi preso em junho de 2020, mas obteve, nesta terça-feira, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) revogando a prisão domiciliar — a expedição de alvará de soltura ainda depende da análise do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pela decretação das medidas cautelares no ano passado.

Os advogados Luciana Pires, Rodrigo Rocca e Juliana Bierrenbach, que também atuam em defesa de Flávio, solicitaram ao STJ que tornasse nulos todos os atos processuais feitos pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, uma vez que Flávio conquistou, em junho de 2020, direito ao chamado “foro privilegiado” e teve o caso transferido para a segunda instância.

Em abril e junho de 2019, os sigilos fiscal e bancário de Flávio e de mais cem pessoas e empresas suspeitas de ligação com os desvios foram afastados por Itabaiana. As decisões foram anuladas pela Quinta Turma do STJ no mês passado, a pedido da defesa de Flávio, por falta de fundamentação.

O mesmo esquema de ‘rachadinhas’ levou a investigações no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), em 2020. Em documentos revelados em setembro do ano passado, nas investigações envolvendo Flávio, foram observadas movimentações atípicas de um dos assessores do vereador. Márcio Gerbatim sacou, mensalmente, todo o salário que ganhava na Câmara dos Vereadores do Rio entre abril de 2008 e abril de 2010. Os dados vieram a público porque Gerbatim foi assessor parlamentar do primogênito da família Bolsonaro entre 2010 e 2011, após trabalhar no gabinete do irmão.

Nesse caso, também foi investigada a atuação da mãe de Jair Renan e segunda esposa do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle. Ela atuou como chefe de gabinete de Carlos entre 2001 e 2008, e também é investigada no caso.

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é alvo de uma apuração preliminar da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre pagamentos em dinheiro vivo nas aquisições de dois imóveis na Zona Sul do Rio de Janeiro entre 2011 e 2016.

O caso foi revelado em setembro pelo GLOBO e envolve duas transações imobiliárias que custaram R$ 150 mil em espécie ao parlamentar (R$ 196,5 mil em valores corrigidos pela inflação). As informações a respeito das transações constam das escrituras públicas desses imóveis, disponíveis em dois cartórios do Rio. O valor diz respeito a uma parte do pagamento dos imóveis.

A compra mais recente foi feita por Eduardo em 2016, quando ele estava no seu primeiro mandato como deputado federal. No dia 29 de dezembro de 2016, ele esteve no cartório para registrar a escritura de um apartamento comprado em Botafogo no valor de R$ 1 milhão. No documento ficou registrado que ele já tinha dado um sinal de R$ 81 mil pelo imóvel e que estava pagando “R$ 100 mil neste ato em moeda corrente do país, contada e achada certa”. Na escritura ficou registrado ainda que ele iria pagar outros R$ 18,9 mil seis dias depois.

Três anos antes de ser eleito deputado, Eduardo comprou um outro apartamento em Copacabana. O apartamento foi vendido por R$ 160 mil e na escritura ficou anotado que o pagamento ocorreu por meio de um cheque administrativo de R$ 110 mil. O valor restante foi pago em espécie.

O Globo