Confira o perfil dos que ainda poiam Bolsonaro

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

A nova pesquisa de avaliação do presidente Jair Bolsonaro divulgada pelo Datafolha mostra que as crises sanitária e econômica provocaram a dispersão da base de apoio ao presidente, segundo cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO. De acordo com os analistas, embora 54% dos entrevistados afirmem que a gestão de Bolsonaro sobre a pandemia é péssima ou ruim, ainda é possível identificar três grupos que predominam no bloco de apoio popular ao presidente da República.

O primeiro estrato, mais fiel, segundo o instituto, corresponde a 14% da população, e a 45% das avaliações positivas que ele recebe. Trata-se de um núcleo que confia em tudo que Bolsonaro fala, não tem medo da pandemia e é contra a vacina. O segundo grupo, de acordo com a leitura da pesquisa, é formado por apoiadores não tão fiéis. São 21% da população e respondem por 31% de avaliação positiva do presidente. Esse segmento, apesar de ter votado em Bolsonaro, é a favor, por exemplo, do distanciamento social e da vacina. Há ainda, um terceiro grupo, de menor renda e beneficiado pelo auxílio emergencial.

A forma como esses dois últimos grupos vão se posicionar caso os efeitos da pandemia se agravem ainda mais ou o auxílio emergencial não seja suficiente pode influenciar as eleições do ano que vem, segundo analistas.

— Aqueles que prezam pelas normas sanitárias e elegeram Bolsonaro, mas não são tão fiéis, correm o risco de abandonar o barco. E quanto aos que se converteram devido ao auxílio emergencial,mas não votaram nele, o apoio é incerto, porque o benefício deve voltar com valor menor e por menos tempo — diz o cientista político e professor da FGV, Marco Antonio Teixeira.

Para o cientista político Eduardo Grin, o Datafolha aponta queda no número de apoiadores de Bolsonaro.

— Cresce a rejeição na pandemia e um sentimento de antibolsonarismo. O eleitor “pendular”, mais moderado, vê que do outro lado tem outros candidatos, como o Lula e outros nomes no campo do centro.

A pesquisa do Datafolha também mostra que 50% da população é contra a abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro. Outros 46% dos entrevistados disseram ser a favor da medida. O grupo que diz não ao impedimento do presidente é formado, principalmente, por moradores do Sul do país (59% dos entrevistados dessa região são contra o impeachment), evangélicos (59%) e empresários (81%). O impeachment tem maior apoio entre mulheres (58% delas se declaram a favor da medida), quem ganha de 5 a10 salários mínimos (57%) e quem vive no Nordeste (56%).

As respostas oscilaram dentro da margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos, em relação à rodada anterior da pesquisa, feita em 20 e 21 de janeiro. Naquela ocasião, 53% dos entrevistados se declararam contra a medida, e 42% afirmaram que o Congresso deveria abrir processo contra Bolsonaro.

Até o momento, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-PI), não deu sinais de que pretende pautar um processo de impeachment.

A primeira parte da pesquisa, publicada pelo jornal “Folha de S.Paulo” na noite de anteontem, mostrou que 54% da população avalia como ruim ou péssima a atuação do presidente na pandemia de Covid-19. Foi a primeira vez que mais da metade dos brasileiros declarou rejeitar a forma como Bolsonaro conduz o país durante crise, segundo a série histórica do Datafolha.

A avaliação negativa subiu seis pontos em relação a janeiro. A gestão da crise foi considerada regular por 24% e ótima ou boa por 22%. Os números foram revelados em um momento em que o país enfrenta picos no número de mortos e de ocupação de UTIs hospitalares em todas as regiões.

Em outro dado colhido pelo instituto, 44% reprovam o governo como um todo. O governo é tido como ótimo ou bom por 30% e como regular por 24%.

O Globo