Decisão de Fachin preocupa Palácio do Planalto

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Foto: Miguel Schincariol e Sergio Lima/AFP

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que tornou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegível novamente devolve o clima de torcida organizada para as eleições de 2022, avaliam integrantes do primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro. Na avaliação de auxiliares do Palácio do Planalto, o parecer de Fachin, embora criticado, restabelece a polarização, o que é favorável para a narrativa tanto de Bolsonaro quanto para Lula.

“Decretaram um FLA x FLU monocraticamente”, escreveu o ministro das Comunicações, Fábio Faria, no Twitter. A expressão, comparando ao clássico do futebol brasileiro, foi usada por outros integrantes do governo para definir o clima político após a decisão do ministro do STF.

Para outros dois ministros ouvidos pelo GLOBO, a decisão de Fachin impôs uma derrota antecipada ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro e juiz da Lava-Jato, Sergio Moro e ao apresentador Luciano Huck, apontados como uma terceira opção para a disputa pelo Palácio do Planalto.

— É o fim do Huck e Doria. Game over para eles — disse ao GLOBO um ministro em caráter reservado.

Para aliados de presidente, a volta de Lula à disputa fortalece tanto a esquerda quanto a direita, que se entusiasmam com a polarização e, portanto, diminuem as chances de uma candidatura ao Centro.

Nas análises preliminares de interlocutores do governo, o presidente também tende a sair fortalecido, uma vez que a volta de Lula ao cenário político reforça o seu discurso antipetista, que o ajudou a se eleger ao Planalto em 2018.

Após a decisão de Fachin, Bolsonaro, que vinha evitando a imprensa, deu declarações a emissoras de televisão ao chegar no Palácio da Alvorada.

— Qualquer decisão dos 11 ministros (do STF) é possível prever o que eles pensam. O ministro Fachin sempre tinha uma forte ligação com o PT, então não nos estranha uma decisão nesse sentido. Foi uma decisão monocrática. Vai ter que passar pela turma ou pelo plenário para que tenha a devida eficácia — declarou Bolsonaro na chegada ao Palácio da Alvorada.

O Globo