Freixo pode acabar no PT e apoiando Lula em 2022

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

A anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, mexeu com a corrida pelo governo do Rio rumo às eleições de 2022 e deu fôlego à construção de uma candidatura que reúna partidos de esquerda. A depender das negociações, legendas de centro contrárias ao presidente Jair Bolsonaro serão bem-vindas na possível coligação.

Para garantir o palanque de Lula em território fluminense, o PT defende o lançamento de um nome próprio ou o apoio a um candidato considerado de “unidade”. A figura central das articulações é o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ), disputado tanto pelos petistas quanto pelo PDT.

Freixo, que conquistou a bênção de Lula, tem sido procurado por lideranças que tentam convencê-lo a assumir o protagonismo na candidatura de oposição ao governador em exercício Cláudio Castro (PSC), aliado do bolsonarismo. Além de líderes de esquerda, Freixo já conversou sobre o assunto com o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, ambos do DEM. Freixo e Paes têm bom relacionamento.

O deputado do PSOL tem defendido que, em nome de uma “unidade pela reconstrução do Rio”, a aliança que começa a se formar deve procurar apoio também de partidos de centro. Para o parlamentar, o chefe do Planalto reconfigurou a direita, empurrando nomes contrários às ações da família Bolsonaro e de aliados para uma posição de centro.

Até a decisão de Fachin, Castro reinava sozinho na pré-campanha, garantindo indicações a cargos no estado, obras e prometendo parcerias em troca de apoio. Enquanto isso, a esquerda enfrentava dificuldades para encontrar alguém disposto a disputar o estado. Quadros petistas como o prefeito de Maricá, Fabiano Horta, e a deputada Benedita da Silva declinaram do convite.

Membro da Executiva Nacional do PT, Washington Quaquá diz que a sigla construirá um palanque para Lula no Rio e, para isso, vai precisar de uma candidatura competitiva:

— Podemos caminhar com um candidato próprio. Temos bons nomes, como Benedita da Silva, o presidente da Alerj, André Ceciliano, e o prefeito Fabiano Horta. Mas podemos apoiar outras candidaturas, como a do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, ou do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Também estamos de portas abertas para o Freixo. A volta de Lula impulsiona uma candidatura de unidade.

Até segunda-feira passada, interlocutores do PDT davam como certo o embarque de Freixo no partido. Mas, com a suspensão das condenações de Lula, o deputado ficou mais próximo do PT. Freixo não bate o martelo para uma candidatura a governador nem para uma eventual saída do PSOL:

— Em 2022, estarei no partido que fizer parte de uma unidade em busca da reconstrução do Rio. Não podemos começar a planejar uma candidatura com nomes, o que leva a divisões, mas pela definição de ampla frente democrática que reúna forças políticas, partidos. Isso evita a divisão — diz Freixo. — No Rio, temos o domínio do crime organizado, o poder do tráfico e das milícias, por isso a necessidade de reconstrução do estado.

Segundo lideranças de partidos de esquerda na Alerj, o PSOL está entre as grandes dúvidas na construção de uma candidatura de unidade.

Correndo por fora, o PDT trabalha a candidatura de Rodrigo Neves, que está em Portugal para participar de uma pesquisa na Universidade de Coimbra, ponto de partida para seu doutorado. Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, Rodrigo encerrou seu governo com 80% de aprovação, o que o credencia à disputa:

— Não temos plano “B”, Rodrigo é o nosso candidato. Uma candidatura de unidade da esquerda é importante, mas passa por alianças nacionais.

O Globo