Fundação Oswaldo Cruz diz que números reais da pandemia são piores

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Foto: Amanda Perobelli – 26.jun.2020/Reuters

Os três dias consecutivos em que o Brasil apresentou mais de dois mil mortos registrados em intervalos de 24 horas não representam uma radiografia perfeita do momento enfrentado pelo país. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destacam que os estados têm apresentado grandes atrasos nas notificações de casos confirmados e de mortes por Covid-19 ao Ministério da Saúde. Em Alagoas, o intervalo entre a morte e inclusão do dado no sistema chega a 47 dias. No auge da primeira onda, a espera chegou a ser de dois meses em alguns estados. Por isso, especialistas apontam que o momento atual pode apresentar um índice de casos e mortes ainda maior que o divulgado diariamente.

A responsabilidade pelas notificações é dos municípios, que lidam com estruturas pequenas e sobrecarregadas pela pandemia, apontam os especialistas. Pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica (Icict/Fiocruz), braço da fundação voltado para a informação em saúde, Diego Xavier destaca que são comuns atrasos de mais de um mês.
“Os dados de mortes não são atuais e a situação deve piorar nas próximas semanas. Alguns municípios ainda estão na virada de janeiro para fevereiro. Não pegaram ainda o período do Carnaval e seus efeitos de contágio. E também não incluem o momento atual, que tem a situação de colapso da rede de saúde de vários estados com lotação superior a 80% nas UTIs para Covid-19. Esses dados podem demorar, porque, quando o sistema de saúde entra em colapso, o sistema de notificação entra junto. Infelizmente, a expectativa é que o cenário ainda piore bastante”, analisa.

Especialistas ouvidos pela CNN confirmam que o atraso informação de doenças de notificação compulsória eram corriqueiros no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), mesmo antes do início da pandemia, devido à falta de digitadores nos municípios. Em média, eram de duas semanas para patologias que não demandavam exames laboratoriais, e poderiam chegar a até um mês nas circunstâncias em que eles eram exigidos, como no caso da Influenza.

A reportagem obteve uma tabela na qual o Programa de Computação Cientifica (Procc/Fiocruz) quantifica o tempo médio de atraso nas comunicações feitas pelos estados. Neste momento, aparecem imediatamente atrás de Alagoas, no ranking dos estados com maior demora, o Amapá, com 34,8 dias, e o Maranhão, com 34,1. Das 27 unidades da federação, dez têm prazo superior a 20 dias e 17, superior a dez semanas.

Em apenas cinco estados a comunicação é feita com intervalos menores que dez dias e, entre eles, só um está entre os mais populosos: Minas Gerais, que informa em 7,8 dias. O mais ágil é o Mato Grosso do Sul: 1,4 dias. O Rio de Janeiro leva em média 20, e São Paulo 13. Os dados são dos mais recentes do Sivep-Gripe, e incluem todas as notificações feitas até o dia oito de março deste ano.

Pesquisador do Procc/Fiocruz, Leonardo Bastos reforça a dimensão do problema. “Apenas uma parcela muito pequena dos dados divulgados por dia é de mortes ocorridas nas últimas 24 horas. Esse é um problema conhecido, que ganha escala em uma pandemia”, resume.
Os dados dos estados não são homogêneos: são produto de uma média dos municípios, que afetam o sistema com seus diferentes ritmos de atualização.

Tempo médio entre data do óbito e a notificação nos estados:
1º) Alagoas, 47,5 dias
2º) Amapá, 34,8 dias
3º) Maranhão, 34,1 dias
4º) Pernambuco, 30 dias
5º) Pará, 26,2 dias
6º) Rondônia, 25,9 dias
7º) Mato Grosso, 25,3 dias
8º) Acre, 23 dias
9º) Espírito Santo 21,9 dias
10º) Rio de Janeiro, 20,2 dias
11º) Paraíba 17,8 dias
12º) Sergipe 17,7 dias
13º) Rio Grande do Norte 16,7 dias
14º) Bahia 15,7 dias
15º) Piauí 14,6 dias
16º) Tocantins 14,4 dias
17º) Paraná 14,4 dias
18º) São Paulo, 13,6 dias
19º) Goiás, 13,5 dias
20º) Ceará, 13,1 dias
21º) Amazonas, 12,9 dias
22º) Distrito Federal 10,2 dias
23º) Roraima, 8,5 dias
24º) Minas Gerais 7,8 dias
25º) Santa Catarina, 4,8 dias
26º) Rio Grande do Sul, 3,3 dias
27º) Mato Grosso 1,4 dia

CNN Brasil

 

 

 

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