Lula deverá pregar salvação nacional contra Bolsonaro

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Foto: AP Photo/Andrew Medichini/Arquivo

Disposto a assumir a liderança da oposição ao presidente Jair Bolsonaro a partir desta quarta-feira, 10, Luiz Inácio Lula da Silva vai adotar agora um discurso de “salvação” nacional, que prega menos armas e mais vacina. Nesse retorno à cena política, reabilitado para se candidatar em 2022, Lula foi aconselhado por advogados a não ressuscitar a “jararaca” e a adotar o figurino “paz e amor”.

O ex-presidente se debruçou com mais entusiasmo sobre uma série de pesquisas indicando que seu atual potencial de votos é maior do que o de Bolsonaro após ser surpreendido pela decisão do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. O magistrado anulou, na segunda-feira, 8, todas as condenações proferidas contra o petista pela Justiça Federal de Curitiba.

Tudo o que Lula deseja, agora, é destruir o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro, que o condenou por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. A avaliação de seus advogados é que, na retomada do julgamento do Supremo, ficará provada a parcialidade de Moro ao agir como “assistente da acusação”, e não como juiz. Se isso ocorrer, os processos contra o ex-presidente não serão apenas transferidos de Curitiba para Brasília, como determinou Fachin, mas virarão pó.

Uma ala do PT, porém, não quer que Lula pós-Lava Jato apareça como um pote até aqui de mágoa. Em março de 2016, depois que Moro determinou sua condução coercitiva para prestar depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente não se conteve. “Se quiseram matar a jararaca, não fizeram direito, pois não bateram na cabeça, bateram no rabo. A jararaca está viva”, anunciou ele à época, em tom inflamado.

Sob o argumento de que os maiores adversários de Bolsonaro são a pandemia e a economia, o PT se movimenta agora para conquistar protagonismo na disputa de narrativas. Tem pronto, por exemplo, um Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, produzido em parceria com a Fundação Perseu Abramo. Para o PT, o País vive sob “tutela militar do poder civil” e precisa de uma mudança “estrutural”, embalada por um projeto de desenvolvimento que tenha maior presença do poder público.

Com o futuro ainda incerto, Lula não admite com todas as letras a candidatura, mas seu discurso é de candidato. Não foi à toa que ele escolheu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo – berço do PT e de onde saiu em direção à prisão de Curitiba, em abril de 2018 -, para se reposicionar no jogo como “vítima de perseguição judicial”.

Ainda que possa haver uma reviravolta judicial de última hora, a anulação das condenações impostas pela Lava Jato a Lula é definida nos bastidores do Supremo como “prego sem cabeça”, que não se tira.

Na prática, o quadro obriga o PT a rediscutir o cenário eleitoral. No início do mês passado, a contragosto da cúpula do partido, Lula havia dado sinal verde para o ex-prefeito Fernando Haddad viajar pelo País e pôr na rua a campanha. O ex-presidente diz que Haddad, derrotado por Bolsonaro na eleição de 2018, é hoje o “melhor nome” para representar o PT, com o passaporte de 47 milhões de votos. Ele próprio, no entanto, decidiu retomar as viagens, principalmente ao Nordeste – região onde o PT perdeu eleitores para Bolsonaro -, após tomar a vacina contra o coronavírus. Aos 75 anos, Lula deve receber a primeira dose na próxima semana.

Em recente reunião com dirigentes de partidos que pregam a construção de uma “frente ampla” para derrotar Bolsonaro, Lula avisou que o PT terá candidato próprio, em 2022. Defendeu a unidade da esquerda, mas com o PT na cabeça da chapa, e um “pacto de não agressão”. Não foi só: disse não acreditar numa frente tipo geleia geral, como a que vem sendo proposta, com um pé no centro, porque todos querem lançar concorrentes no primeiro turno.

A portas fechadas, o ex-presidente observou que não basta vencer Bolsonaro. No seu diagnóstico, o desafio é “encontrar saídas” para superar a grave crise e conseguir governar o Brasil.

Nessa nova fase, porém, Lula não pode mais apresentar fisionomia sectária nem retórica para “dentro”, se quiser se aproximar dos eleitores perdidos, da classe média, dos indecisos e daqueles que dizem votar em Bolsonaro por falta de opção. Não se trata apenas de aposentar o “nós contra eles”, que por muitos anos marcou a tradicional polarização com o PSDB.

O alicerce para construir uma aliança que ultrapasse as fileiras petistas depende agora de um discurso mais arejado e menos ressentido. A “jararaca” está viva, mas não deve dar as caras.

Estadão

 

 

 

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