Lula pede também à França ajuda contra pandemia

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Foto: Edilson Dantas / O Globo/Arquivo

Em um novo aceno a lideranças internacionais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ajuda para o presidente da França, Emannuel Macron, para o enfrentamento da pandemia no Brasil. Lula reiterou a defesa por uma ação do G-20 para acelerar a vacinação no país e disse que, neste momento, pretende se dedicar ao combate do novo coronavírus, em contraponto ao presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “genocida”. Em entrevista ao “Le Monde”, o petista disse que poderá ser candidato em 2022 e defendeu alianças.

Nesta semana, em entrevista à “CNN americana”, Lula já havia feito um apelo ao presidente americano, Joe Biden, para que reúna o G-20 e articule a distribuição de vacinas ao Brasil, que enfrenta o pior momento da crise, com cerca de 3 mil mortes diárias. Na entrevista ao francês “Le Monde”, o petista estendeu o pedido a Macron.

“Desde o início da pandemia, nem o G-20 nem o G-8 se encontraram para falar sobre o assunto. É urgente! Apelo ao presidente Emmanuel Macron: chame o G-20. Ligue para Joe Biden, Xi Jinping, Vladimir Putin e o resto! Estamos em guerra, é a terceira guerra mundial e o inimigo é muito perigoso!”, afirmou Lula na entrevista divulgada nesta sexta-feira.

O ex-presidente atribuiu ao presidente Jair Bolsonaro a responsabilidade pela morte de quase 3 mil brasileiros por dia pela covid-19 e disse que atuará para “gerenciar” a crise sanitária no Brasil. “Comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. Pessoas morrendo nos portões dos hospitais, a fome voltou. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo ao invés de livros e vacinas. O Brasil é chefiado por um presidente genocida”, afirmou.

“É responsabilidade do nosso governo. Vou, portanto, pegar o meu e me dedicar ao gerenciamento desta crise”, disse, afirmando em seguida que tem passado os dias em reuniões online debatendo formas de minimizar a pandemia. Lula já tomou a primeira dose da vacina CoronaVac e dentro de duas semanas deve tomar a segunda dose.

Em antagonismo ao presidente, Lula criticou o presidente por desacreditar na gravidade da covid-19 e “inventar a história da cloroquina”. “Bolsonaro é tão ignorante! Ele acredita que, ao se recusar a admitir a gravidade da pandemia, a economia vai se recuperar novamente. A única cura é vacinar o povo brasileiro.”

Depois de recuperar seus direitos políticos, com a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, de anular suas condenações na Lava-Jato, Lula indicou que deverá ser candidato em 2022. “Se eu ainda estiver em grande forma, e for estabelecido um consenso entre os partidos progressistas deste país para que eu seja candidato, bem, não verei nenhum problema para estar [candidato]”, afirmou. “Também posso apoiar alguém em boa posição para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro governar mais este país.”

Questionado se pretende fazer alianças com o centro e a direita, o ex-presidente disse que o PT fez acordos no passado e vai voltar a fazê-los no futuro. Como exemplo, citou seu vice, o empresário Jose Alencar, que era filiado a um partido de centro-direita. “Já governei até mesmo para banqueiros e líderes empresariais.”

Ao falar sobre a dificuldade de a esquerda produzir novos líderes depois de sua saída da Presidência, em 2010, Lula disse que esse é um processo que demora “muito tempo”.

“Quanto tempo levou para a França produzir um Kylian Mbappé ou um Zidane? Muito tempo, não é! Política é a mesma coisa. Demorou pelo menos um século para que as esquerdas europeias produzissem um François Mitterrand ou um Willy Brandt”, disse.

O petista disse que seu partido é um “produtor de talentos” e citou a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

Valor Econômico