Lula pode reeditar documento de 2002 tranquilizando mercado

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Foto: Rahel Patrasso/Xinhua

“Não tenham medo de mim.”

A frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em discurso na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, após suas condenações terem sido anuladas pelo ministro Edson Fachin (STF), foi vista como o mote de mais uma campanha presidencial do petista, no ano que vem.

Para alguns observadores próximos no PT, foi inevitável fazer conexão com a vitoriosa campanha de 2002, outro momento em que o ex-líder sindical buscava mostrar-se confiável, sobretudo junto a empresários e mercado financeiro.

Em 2002, o grande marco desta estratégia foi a Carta ao Povo Brasileiro, um documento de 1.746 palavras em que Lula comprometia-se a respeitar contratos, preservar o superávit primário e reduzir a dívida pública.

Teses que desceram quadrado na militância, mas agradaram em cheio aos defensores da ortodoxia econômica.

Vinte anos depois, seria a hora de uma nova versão, para que Lula recupere a confiança perdida no PIB desde que deixou o governo, em 2010?

Não há nenhuma decisão tomada a esse respeito no PT, até porque a candidatura do ex-presidente ainda está no campo das hipóteses, embora seja bastante provável, caso o STF confirme o restabelecimento de seus direitos políticos.

A favor de uma Carta 2.0 há o desencanto de empresários e banqueiros com o governo de Jair Bolsonaro, tanto na gestão da economia quanto na da pandemia, que ficou expresso em um manifesto divulgado com mais de 500 assinaturas em 21 de março.

“Se eu fosse escrever algo hoje, seria para dizer o seguinte: ‘estamos vivendo um mundo completamente diferente. A âncora principal de qualquer governo, sobretudo o Brasil, é o problema da desigualdade social’”, diz o jornalista Edmundo Machado de Oliveira, hoje assessor técnica da liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo e um dos redatores da Carta original.

Redação com Folha