Museu judaico se diz “estupefato” com gesto de assessor de Bolsonaro

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Foto: Reprodução/Redes sociais

O Museu do Holocausto de Curitiba criticou Filipe Martins, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por supostamente fazer, com as mãos, um símbolo de apoio aos supremacistas brancos.

Martins acompanhava, na quarta-feira (24/3), audiência do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no Senado, quando as câmeras da Casa o flagraram fazendo o gesto com as mãos. O ministro e o assessor participaram da audiência de forma presencial, da sala de comando das sessões remotas. Martins apareceu atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O gesto feito pelo servidor pode ter várias conotações. Além de poder indicar uma obscenidade, é usado pelos supremacistas brancos nos Estados Unidos.

O Museu do Holocausto destacou que “grupos supremacistas e neonazistas têm ideias em grande medida coincidentes e frequentemente se mesclam”.

Nas redes sociais, o órgão publicou que recebe denúncias semelhantes todas semanas e manifestou repúdio. “São atos que ultrapassam qualquer limite de liberdade de expressão”.

 

O “W” formado com os 3 dedos significa “White” e os outros 2 dedos formam a letra “P”, que significaria “Power”. “White Power” é uma expressão racista que significa “Poder Branco”.

A Liga Antidifamação (Anti-Defamation League – ADL) classificou o gesto como um sinal utilizado por supremacistas brancos para se identificarem. A ADL diz que o símbolo se tornou uma “tática popular de trolagem” por indivíduos da extrema-direita, que postam fotos nas redes de si mesmos fazendo o gesto.

Em defesa, Filipe Martins disse que estava ajeitando a lapela do terno. Ele usou o Twitter, na noite de quarta-feira (24/3), para justificar as imagens em tom ácido: “Mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno”.

Em outro post, ele divulgou fotos do ex-presidente Lula e do youtuber Felipe Neto fazendo gestos que na visão dele seriam semelhantes aos seus: “A oposição ao governo atingiu um estado de decadência tão profundo que tenta tumultuar até em cima de assessor ajeitando o próprio terno. São os mesmos que vêm gesto nazista em oração, que forjam suásticas e que chamam de antissemita o governo mais pró-Israel da história”.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, decidiu instaurar procedimento de investigação para apurar o fato. A Polícia Legislativa do Senado vai ouvir Filipe Martins.

Metrópoles