Araraquara segue dando show no combate à covid

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Foto: Fotoarena / Agência O Globo

Dois meses após entrar em um lockdown rigoroso para conter o avanço da Covid-19, o município de Araraquara registrou uma redução de 78% no número de óbitos – foram 42 mortes registradas na semana de 1 a 8 de março, pico do colapso na cidade, contra 9 mortes registradas nessa última semana. A média móvel de novos casos também vem caindo – houve uma redução de 74% no período – mas o aumento da mobilidade por causa da reabertura gradual da cidade acende um sinal de alerta. Para tentar frear um possível avanço da doença, nesta segunda-feira (26) a prefeitura intensificou as ações de vigilância e iniciou uma testagem por amostragem da população para identificar e isolar possíveis focos de transmissão.

Ao todo, Araraquara tem 33 bairros e agentes de saúde da prefeitura vão começar a testagem nas regiões mais vulneráveis, onde muitas pessoas moram na mesma casa e onde não há o hábito de cumprir as medidas individuais de proteção, como uso de máscaras, por exemplo. De acordo com a enfermeira Eliana Honain, secretária de saúde da cidade, o teste a ser realizado é o RT-PCR (o do cotonete, padrão ouro para diagnóstico). A ideia é escolher casas de forma aleatória e testar todos os moradores. Ao identificar pessoas contaminadas, medidas de contenção serão iniciadas, como o isolamento daquela rua ou até mesmo de todo o bairro, se for necessário. A meta é realizar 200 testes de moradores por dia.

“O nosso maior desafio hoje é manter os números sob controle. Os agentes de saúde conhecem os bairros e sabem onde moram muitas pessoas na mesma casa, onde ocorrem aglomerações, festas. Com essa testagem, nosso objetivo é identificar os focos de transmissão, rastrear os contatos e fazer as intervenções necessárias”, explicou Eliana, ao acrescentar que a Prefeitura de Araraquara investiu R$ 1,8 milhão na compra de 60 mil testes, número suficiente para três meses.

No dia 12 de abril a prefeitura iniciou a testagem por amostragem de funcionários dos setores econômicos da cidade com o mesmo objetivo: identificar casos positivos da doença para rapidamente tomar medidas de controle. São testados funcionários do comércio, indústria, escolas, bares, restaurantes, salões de cabeleireiros, oficinas, escritórios, entre outros. Nessa ação, segundo Eliana, a meta é testar cerca de 300 funcionários por dia.

O estabelecimento que tiver algum caso positivo é fechado por sete dias e todos os funcionários são testados novamente antes de retomarem as atividades. Segundo Eliana, nos primeiros 15 dias de ação dois locais foram fechados: um supermercado e uma indústria. “Temos 12 equipes que estão nas ruas de domingo a domingo. Ontem, por exemplo, fomos fazer os testes nas lojas de um shopping.”

Outra medida da prefeitura para contenção dos casos foi a instalação de barreiras sanitárias na entrada da cidade, onde carros com placas de outros municípios só seguem viagem se apresentarem um teste negativo de Covid-19 com menos de 48 horas. Se não tiverem o teste, o exame é coletado na hora por agentes da prefeitura. Além disso, a prefeitura determinou que se a cidade atingir 30% de casos positivos entre os testes realizados em pacientes com sintomas gripais, haverá um lockdown total novamente para frear o avanço da doença. Neste domingo, por exemplo, a positividade estava em 9,6% do total das amostras analisadas.

Para Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid que reúne pesquisadores voluntários de várias áreas para monitorar a evolução da doença no país, Araraquara está seguindo o caminho certo para tentar conter a transmissão do vírus por meio de ações de vigilância epidemiológica e testagem. Mas, para ele, o município esperar ter 30% de positividade para tomar ações mais efetivas é um valor muito alto, que pode custar um possível colapso do sistema de saúde novamente. Araraquara está hoje com 60% dos leitos de enfermaria e 98% dos de UTI ocupados (quase metade das internações é por moradores da cidade), o que acende um sinal de alerta.

“O que me assusta um pouco é esperar o gatilho de 30%. O CDC [Centro de Controle de Doenças] dos Estados Unidos preconiza fechar tudo com 5% de positividade. Se fosse na Europa, esses 9% já seriam suficientes para determinar um lockdown novamente”, afirma Schrarstzhaupt.

O sistema de saúde de Araraquara entrou em colapso no início de fevereiro, com explosão de casos novos, sendo a maioria deles (93%) causados pela variante P.1 do coronavírus – identificada em Manaus, mais contagiosa. Diante do caos, o prefeito Edinho Silva (PT) não teve outra saída a não ser decretar o fechamento total da cidade por dez dias. O transporte público parou e nem mesmo os supermercados puderam funcionar com portas abertas, apenas com entregas.

A cidade registrou recorde de novos casos (248) no dia 20 de fevereiro, um dia antes de entrar no lockdown, com média móvel de 189 casos. Neste domingo, foram 59 novos casos, com média móvel de 48 casos. “Os resultados do lockdown demoram a aparecer, não surgem de um dia para o outro. Essa diminuição de casos e óbitos nos mostra que o isolamento total e o distanciamento foram fundamentais”, disse Eliana.

Schrarstzhaupt diz que, comparado com o restante do Brasil, Araraquara está muito bem, mas precisa tomar cuidado para não perder o controle novamente. “Quando analisamos o gráfico com a curva de velocidade de novos casos vemos claramente um pico em março. A cidade freou a subida, transformou em queda, mas com o aumento da mobilidade, desacelerou a velocidade da queda [de novos casos], sinalizando cautela. O município está num ponto de equilíbrio”, finalizou.

Época

 

 

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