Ciro pode ficar sem partido para disputar 2022

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Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O PDT já admite a possibilidade de abrir mão da pré-candidatura presidencial de Ciro Gomes em busca de consenso com partidos de centro e centro-direita para lançar um nome único à Presidência em 2022. Ciro é um dos seis pré-candidatos que assinaram um manifesto em defesa da democracia, articulado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e divulgado ontem.

O ex-ministro Sergio Moro participou da elaboração do documento, mas não quis assiná-lo.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, diz que o partido ainda pretende lançar Ciro na próxima disputa presidencial, mas pondera que se o presidente Jair Bolsonaro se mantiver com chances de se reeleger, a ideia é a legenda se juntar com o centro e ter uma candidatura única, mesmo que não seja a do ex-governador do Ceará. “Se houver a ameaça de continuidade de Bolsonaro, é uma hipótese que admito”, diz Lupi, em relação ao recuo de uma candidatura própria. “Se surgir nessa terceira via um outro nome, que apresente um bom projeto, podemos conversar”, afirma. “É preciso ver o melhor nome, quem poderá derrotar Bolsonaro. Não podemos entrar nessa conversa com um projeto hegemônico, de fazer aliança desde que o candidato seja o meu.”

Lupi marca distanciamento em relação à centro-esquerda e diz que não apoiará uma eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O PT e Lula já deram o que tinham que dar. É preciso olhar o amanhã. Lula é o Brasil de ontem. Não vejo chance de uma aliança”, diz o presidente do PDT.

O manifesto em defesa da democracia divulgado ontem foi o primeiro passo de lideranças de centro e de centro-direita para tentarem construir uma terceira via entre Lula e Bolsonaro em 2022. A ideia partiu de Mandetta e na terça-feira o ex-ministro começou a discutir a elaboração de um documento sobre o “dia da consciência democrática”. O ex-ministro da Saúde da gestão Bolsonaro conversou com o ex-ministro Sergio Moro e o ex-presidente do Novo João Amoêdo. No mesmo dia, agravou-se a crise militar com Bolsonaro, com o pedido de demissão dos chefes das Forças Armadas depois da troca no comando do Ministério da Defesa feita pelo presidente.

Na quarta-feira, Mandetta conversou com Ciro, os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o apresentador Luciano Huck para articularem o texto. A ideia era divulgar o manifesto no mesmo dia do aniversário de 57 anos do golpe militar, e em meio à crise militar. Em um grupo de whatsapp formado por Mandetta, Ciro, Leite, Doria, Amoêdo, Moro e Huck, os sete pré-candidatos à Presidência discutiram as bases do documento, apresentado pelo ex-ministro da Saúde. No fim do dia, divulgaram o manifesto com críticas às ameaças à democracia enfrentadas pelo país e com citações às Diretas Já, movimento que reuniu diferentes forças políticas pela redemocratização.

Moro argumentou que por questões profissionais não poderia assinar o texto e preferiu ficar nos bastidores. O ex-ministro do governo Bolsonaro é sócio-diretor da consultoria de gestão de empresas Alvarez & Marsal.

Fundador do partido Novo e ex-presidente da legenda, João Amoêdo diz que a iniciativa sinaliza uma possível união para 2022. “É uma semente. Não vai ser um processo simples porque temos visões distintas, mas a situação que o Brasil enfrenta exige união”, afirma. “O país precisa de uma grande união e essa foi uma boa sinalização”, reforça.

Amoêdo defende que esse grupo com sete pré-candidatos comece a elaborar propostas para o país, em um espécie de programa de governo para a eleição de 2022. “É bom começarmos a discutir com foco nas ideias, e não em um nome [para disputar]. Vamos deixar a escolha do nome para um segundo momento.”

O ex-presidente Lula não foi convidado para a iniciativa. Segundo Amoêdo, não faz sentido buscar a participação do petista. “Nosso pressuposto é fugir da polarização de bolsonaristas e lulistas. Queremos construir uma alternativa para isso.”

A entrada de Ciro no mesmo grupo que Moro, Amoêdo e Doria gerou reclamações dentro da esquerda. Presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros criticou a iniciativa e disse que o manifesto não deve ser levado a sério. “Esse manifesto parece piada de 1° de abril. Acreditar nos partidos que promoveram o golpe, sustentaram Temer, retiraram direitos e apoiaram Bolsonaro não dá. O PSOL jamais embarcaria nessa barca. Não dá pra levar a sério”, afirma, sem citar o nome do pré-candidato do PDT.

O comando nacional do PDT tem mantido conversas regulares com dirigentes de partidos de centro e de direita. Há duas semanas, Ciro e Lupi se reuniram por cerca de cinco horas em Fortaleza, no apartamento de Ciro, com o presidente nacional do DEM, ACM Neto, para discutir cenários para 2022 e uma eventual aliança. Ontem, Lupi conversou com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Recentemente, conversou também com o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

Ao mesmo tempo, Lupi mantém o diálogo com dirigentes de esquerda, como o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e tem participação ativa do grupo de whatsapp de presidentes de partidos de esquerda e centro-esquerda. “Na política, podemos divergir das ideias, mas não das pessoas”, comenta Lupi.

O dirigente do PDT demonstra desconforto em manter um diálogo com o ex-juiz Sergio Moro e rejeita qualquer tipo de conversa com Bolsonaro. “Tudo em relação ao Moro está sob suspeição”, diz, em ironia ao fato de o Supremo Tribunal Federal ter declarado que o ex-juiz foi parcial no julgamento de Lula. “E sobre Bolsonaro eu tenho divergência total, sobre as ideias e sobre ele”.

Valor Econômico

 

 

 

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