Igrejas estão preocupadas com perda de doações dos fieis

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Foto: Editoria de Arte

Lideranças e representantes de instituições católicas, evangélicas, judaicas e muçulmanas avaliam que o impacto da Covid-19 no país combinado a restrições na realização de cultos presenciais trouxe dificuldades financeiras e limitações para as entidades religiosas. Há casos em que se calcula queda de mais da metade da receita global, além de enxugamento e até desaparecimento da arrecadação com eventos religiosos.

No pior momento da pandemia — ontem, o país passou pela primeira vez de 4 mil mortes diárias —, a pressão econômica se aprofunda em paralelo ao debate no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a liberação de cultos presenciais. O plenário decidirá hoje se mantém a abertura nacional de templos, conforme decisão monocrática do ministro Kassio Nunes Marques na Páscoa.

— Entendo o desejo de voltar à normalidade. Estamos cansados, há custos enormes para as entidades religiosas, muitas fornecem auxílio material às comunidades. Mas não tem cabimento neste momento ter atividade em templos, ambientes que costumam gerar contato físico e aglomeração — afirmou o rabino Nilton Bonder, da Congregação Judaica do Brasil.

Uma das ações no STF que pede abertura de templos foi iniciada pelo PSD, partido do deputado federal Cezinha de Madureira (SP), líder da bancada evangélica na Câmara. Para o deputado, há fiéis que “não tem dinheiro para pagar internet” e assistir aos cultos de forma virtual. Cezinha sustenta que o pedido de cultos presenciais não ocorreu por queda de arrecadação — segundo ele, “as igrejas já sobreviveram até a guerras” —, e sim porque as entidades seriam “mais essenciais do que o próprio Estado”.

No meio evangélico, enquanto pastores como Ed René Kivitz, da Igreja Batista de Água Branca (SP), classificaram a pressão por abertura como “oportunismo manipulativo de quem faz da religião política e negócio”, lideranças mais próximas ao presidente Jair Bolsonaro, como o pastor Silas Malafaia, apoiam cultos presenciais.

Outro interlocutor frequente de Bolsonaro, o bispo Robson Rodovalho, da Igreja Sara Nossa Terra, de Brasília, diz que a pandemia não teria impactado no dízimo porque os fiéis fazem doações on-line ou até “deixam o envelope na porta da igreja” quando não há cultos. Houve, no entanto, perda de receita com eventos, como congressos, que costumavam gerar arrecadação bruta acima de R$ 100 mil.

— A igreja é como uma alavanca emocional. O pastor fala, as pessoas mentalizam, lembram de trazer alimentos para doar, por exemplo. Se fecha as portas, isso acaba. Montei uma estrutura para eventos on-line. Não é a mesma coisa sem a presença física. Por outro lado, o gasto na organização é menor — diz.

A tese de que a falta de atos presenciais afeta mais as ações sociais do que o sustento da igreja é compartilhada por lideranças católicas. Contudo, igrejas do interior e de periferias com menor poder aquisitivo citam dificuldades sem o recolhimento presencial de doações voluntárias. Em Jaboatão dos Guararapes (PE), por exemplo, o padre Ivanilson Silva, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, chamou atenção no ano passado por vender bolos e comidas típicas como pamonha e canjica para pagar as contas da igreja. À época, ele calculava queda de 50% na arrecadação. Hoje, diz que a situação está “um pouco pior”.

— As receitas para pagar contas e dívidas estão cerca de 60% menores. Tivemos que interromper a distribuição mensal de cestas básicas e demitimos um dos três funcionários. Quando tem missa, há mais doações. Mas há tanta preocupação com a pandemia que, mesmo com a liberação, muitos fiéis não estão vindo — avalia.

Um interlocutor da cúpula da CNBB (Confederação Nacional de Bispos do Brasil) disse reservadamente ao GLOBO que a entidade não quer “impor” às dioceses um fechamento ou abertura — numa lógica similar à autonomia conferida a gestores locais de cidades e estados.

Em São Paulo, enquanto o arcebispo da capital, Dom Odilo Scherer, se posicionou contra missas presenciais na Páscoa mesmo com a liberação de Nunes Marques, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, autorizou celebrações no domingo passado, com cerca de 150 pessoas.

Segundo Fernando Celino, da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio, é possível que o impacto da pandemia fique mais claro no ramadã deste ano, período que se inicia no próximo dia 13, quando há o costume de serem feitas doações anuais entre muçulmanos. Segundo Celino, a suspensão de atividades diárias na Mesquita da Luz — só as orações de sexta-feira voltaram a ocorrer — provocou queda de doações e dificuldades para fechar as contas.

O Globo

 

 

 

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