João Santana abala aliança entre Marina e Ciro

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Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Vista como possível apoiadora de Ciro Gomes na eleição presidencial do ano que vem, a ex-senadora Marina Silva criticou nesta sexta-feira o marqueteiro João Santana, contratado pelo PDT. Segundo a líder da Rede Sustentabilidade, Santana, que foi preso pela Operação Lava-Jato, “representa a antítese do debate, é a política vista como um produto a ser vendido a qualquer custo e sem limite ético”.

“Digo isso com conhecimento de causa por ter sido vítima desse tipo de estratégia em 2014, em ataques do PT, produzidos e operacionalizados por Santana. Portanto, jamais cometeria a incoerência de aceitar trabalhar com ele”, disse Marina, em nota após ser questionada se a contração do marqueteiro poderia dificultar seu apoio a Ciro.

Na eleição presidencial de 2014, Marina, que concorria pelo PSB e chegou a liderar a disputa, foi alvo de propagandas produzidas por Santana, responsável pela comunicação da campanha à reeleição da então presidente Dilma Rousseff. Um dos vídeos do horário eleitoral petista falava sobre a proposta de Marina de promover a independência formal do Banco Central. No vídeo, a consequência era a retirada de comida da mesa de trabalhadores. No final, Marina acabou em terceiro lugar.

“Não tenho como responder por Ciro nem pelo PDT. Apenas eles podem falar por suas escolhas e seus motivos. Quanto a mim, desde 2014 venho repetindo que uma campanha política tem que ser baseada no debate aprofundado de programas para o Brasil. O marketing jamais deveria se sobrepor a isso”, afirmou Marina.

E concluiu:

“Permaneço na minha posição sobre a natureza de uma campanha política. Ou mudamos o foco ou continuaremos a ser engolidos pelo reinado das fake news e do vale-tudo”.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em fevereiro, a líder da Rede disse que Ciro tem “legitimidade” para liderar chapa alternativa a Jair Bolsonaro e ao PT, sugerindo se aliar a ele.

Fiel escudeiro de Marina e integrante do grupo que coordenou a campanha presidencial de 2014, Pedro Ivo Batista, ex-porta-voz da Rede (cargo equivalente ao de presidente em outros partidos), considerou “lamentável” a contratação.

— A Rede não tinha e nem tem posição por candidatos agora. Queremos primeiro discutir o programa. Mas esse marqueteiro é um gol contra — afirmou.

Santana acertou contrato de um ano com o PDT, pelo qual receberá R$ 250 mil mensais. A ideia é que depois ele trabalhe na campanha presidencial de Ciro. O marqueteiro foi condenado a oito anos e quatro meses de prisão na Lava-Jato por lavagem de dinheiro. Em 2017, fechou acordo de delação premiada e confessou ter conta na Suíça para receber caixa dois. Até outubro, cumpriu prisão domiciliar e estava proibido de trabalhar com política. Agora, cumpre pena em regime aberto.

O Globo