Pós-covid desorganiza o cérebro

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Foto: Corbis

Vivemos a tempestade da pandemia, imaginando que depois vem a bonança. Vã ilusão. É grande a proporção de pacientes que se salva do pior, mas permanece com sequelas. Alguns desses sintomas prolongados são neuropsicológicos: perda de olfato e paladar, confusão mental, convulsões, depressão e ansiedade. A tempestade diminui, mas permanece um duradouro dilúvio.

Disso tudo, o que resulta da infecção direta do cérebro, e o que se deve à pressão psicológica da situação dramática vivida pelo paciente?

Vários grupos de pesquisadores começam a investigar como se comporta o coronavírus no cérebro. Um grande projeto se delineia sob a coordenação do Instituto D’Or, no Brasil, colhendo dados clínicos e laboratoriais sobre os sintomas e marcadores neurais de pacientes com Covid-19. E um segundo, conduzido pela Universidade Yale, nos EUA, acaba de ser publicado, indicando que o vírus, sim, invade o cérebro, infecta neurônios e vasos sanguíneos cerebrais, e é o responsável direto pelo estrago neuropsicológico que se segue à tempestade respiratória.

Os pesquisadores americanos usaram várias estratégias: minicérebros de origem humana, camundongos transgênicos, e material de autópsias de pacientes falecidos com Covid-19. Os minicérebros foram preparados por reprogramação de células de voluntários sadios: os pesquisadores retiram células da pele, por exemplo, e as fazem regredir a um estado embrionário, para depois diferenciá-las em células do sistema nervoso que se agrupam e formam organoides semelhantes ao cérebro, em miniatura. O coronavírus fez a festa nos minicérebros: pôde até ser flagrado dentro de neurônios por microscopia eletrônica, causando alterações funcionais e até a morte deles.

Mas minicérebros ainda ficam longe da realidade, a começar porque não apresentam uma rede vascular como os cérebros reais. Os pesquisadores então criaram camundongos transgênicos que expressam a proteína humana que joga o vírus para dentro das células. Observaram um alto grau de infecção nos neurônios do cérebro dos animais, além de fenômenos inflamatórios graves. A inflamação no cérebro costuma produzir pequenos coágulos (trombos) que acabam por obstruir capilares e arteríolas, causando alteração ou perda de função das regiões cerebrais atingidas.

Os mais críticos ainda duvidam: camundongos não são humanos, logo, esses resultados podem não refletir o que ocorre em nós. Para testar esse argumento, os pesquisadores de Yale fizeram o experimento final. Colheram fragmentos de tecido nervoso de pacientes falecidos de Covid-19, e buscaram os indicadores observados nos minicérebros e nos camundongos infectados. Resultado: identificaram a proteína das espículas do vírus dentro de neurônios e na parede dos vasos sanguíneos, além de trombose e hemorragia em diversos locais.

O círculo se fechou. O vírus, sim, chega ao cérebro. Embora não seja essa a causa da severidade da doença e da morte dos pacientes, é o que determina o prolongado dilúvio neuropsicológico depois da tempestade respiratória.

O Globo

 

 

 

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