Araraquara abre economia e comércio “bomba” com segurança

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Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

A economia de Araraquara começa a apresentar sinais de recuperação após um período de severas restrições para conter o avanço da Covid-19 na cidade localizada no interior de São Paulo.

Entre o lockdown municipal e a fase emergencial no estado, o prefeito Edinho Silva (PT) reforçou o pedido de apoio à população araraquarense para preservar vidas. E conseguiu ao menos uma base significativa de aceitação dos comerciantes.

A partir da readequação à fase de transição proposta no Plano São Paulo, as ruas da cidade começaram a ter mais movimentação. Desde 18 de abril, comércio, serviços e shoppings centers, entre outras atividades, podem receber público, mas com horários reduzidos. No sábado (24/4), foi a vez de bares, restaurantes, lanchonetes e afins reabrirem as portas.

O microempresário Henrique Rosseti, 53 anos, entregou a chave de um prédio onde funcionava um sebo para diminuir os gastos com aluguel. Impossibilitado de abrir o bar, outro negócio que toca há 12 anos, ele transferiu a venda de vinis, CDs e livros para esse local, em uma área mais central, assim que a pandemia chegou no Brasil.

Para ele, o período de lockdown foi duro, mas necessário para estancar o sangramento na saúde pública. Araraquara detectou no início deste ano a variante brasileira P1, mais transmissível e contagiosa.

“O prefeito fez a coisa certa ao fechar a cidade, senão a P1 se espalharia ainda mais rápido. Agora estamos retomando mais vez [os negócios], mas com saúde, que é o mais importante de tudo”, avalia.

Para adaptar o sebo no espaço do bar, Rosseti penou para conseguir um financiamento de R$ 15 mil pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).

O investimento, no entanto, não foi seguido por um aumento nas vendas. O que garante o pagamento de contas no fim do mês é a venda de baldes de frango exclusivamente por delivery.

Com o ritmo lento da vacinação, ele acredita que só poderá pensar em abrir o bar em 2022. Até lá, ele segue com um protocolo rígido de permitir a entrada de apenas uma pessoa por vez no sebo.

“Nós temos que fazer a nossa parte, cara. Não adianta pensar só em você, sendo que você pode se contaminar, contaminar pessoas que trabalham contigo. É preciso ter a consciência de fazer a sua parte, não adianta só cobrar do poder público”, declara.

O tatuador Roger André, 38 anos, confessa que trabalhou às escondidas enquanto o município estava fechado. Ele é dono de um estúdio de tatuagem na região central de Araraquara e diz que manteve as atividades sorrateiramente depois de ver amigos quebrarem durante a crise sanitária.

Diferentemente de Rosseti, ele acredita que o lockdown não trouxe respostas positivas até o momento. De acordo com a prefeitura, as mortes por Covid-19 caíram 80% nos primeiros 14 dias de abril, em relação ao mesmo período de março. Houve dias em que nenhum óbito foi registrado na cidade com cerca de 240 mil habitantes.

“Eu não vi comprovação de que o lockdown teve tanta queda [em mortes] do que em cidades que não tiveram. Fechar o comércio não é solução. A solução está [na fiscalização] de festas clandestinas”, opina.

Quando recebeu o Metrópoles, André tatuava um cliente que, segundo ele, era o primeiro e último dia. Para se manter vivo, o tatuador conseguiu negociar a redução de metade do aluguel do prédio.

Aliás, essa preocupação não passou pela cabeça do jornaleiro Leonardo Pedroso. Aos 30 anos, ele divide com o pai a responsabilidade de cuidar de uma banca de jornal na Praça Parque Infantil, ponto que geralmente reúne centenas de pessoas que praticam esportes, mas que no dia em que a reportagem visitou estava vazia.

Como o decreto estadual reconhece esse serviço como essencial, Pedroso ficou sem atender aos clientes apenas durante os 10 dias de lockdown municipal. Aos poucos, a freguesia retorna à banca e procura comprar algo, de créditos para celular a álbuns de figurinha.

Em menos de 10 minutos, ele atendeu duas clientes, cenário impossível antes do bloqueio total. “O negócio está melhorando aos poucos, o dinheiro volta a rodar agora, mas ainda é tempo de incerteza. Se você quebrar, você se reergue. Mas se morrer, já era”, filosofa.

No Cemitério São Bento, o maior de Araraquara, o número de enterros despencou após o lockdown. O sepultador Antônio Carlos Gil, 63 anos, conta que a necrópole recebia dez corpos de vítimas de Covid-19 por dia, e agora não passam de três dias. Há dias que nenhum sepultamento é feito.

Agora, a situação deu uma amenizada a ponto de ele aceitar um bico no dia de folga para lavar os túmulos. Segundo dados do município, Araraquara registrou duas mortes na sexta-feira (30/4), num total de 387 vidas perdidas para a doença.

Gil trabalha no cemitério há mais de 50 anos e conta nunca ter vivido um momento tão difícil como no pico do pandemia na cidade. “Eu vou te contar que foi desesperador, viu? As pessoas se acostumaram com a doença. Mas agora está melhor por aqui”, garante.

A menor circulação de pessoas nas ruas é vista pelas organizações de saúde como uma alternativa para frear o avanço da doença. Porém, a confeiteira autônoma Deise Rafaela Camargo, 24 anos, estranhou a pouca movimentação de passantes na Praça Santa Cruz, região central de comércio.

Ela vive entre Araraquara e Ribeirão Bonito, cidade vizinha com pouco mais de 13 mil habitantes. Devido à pandemia, Deise foi demitida da confeitaria de um mercado e agora está à espera de uma recolocação profissional, assim como sua mãe, Elisandra Aparecida Camargo, que fechou temporariamente a loja de roupas que mantinha em casa.

Elas reconhecem a importância do lockdown para salvar vidas, mas agora torcem pela volta de empregos. “Eu espero que não tenha mais lockdown, não. Não por mim, mas por todas as pessoas que têm comércio.”

Metrópoles

 

 

 

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