Bolsonaro atribui crise de energia a “azar”

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Foto: Reinaldo Canato/VEJA

A conta de luz vai aumentar, com reflexos diretos na taxa de inflação, por causa da escassez de água para geração de energia elétrica. “Estamos com um problema sério pela frente”, admitiu Jair Bolsonaro, ontem. E acrescentou: “Estamos vivendo a maior crise hidrológica da história. Eletricidade, vai ter dor de cabeça. Um choque, né? Maior crise que temos notícia. Demos mais um azar.”

Com 33 palavras, o presidente resumiu o resultado de uma reunião, na semana passada, entre cinco ministros, representantes das secretarias estaduais de minas e energia, da Agência Nacional de Petróleo e das estatais Empresa de Pesquisa Energética e Pré-Sal Petróleo S.A.

O governo concluiu estar diante da maior crise hídrica das últimas quatro décadas, com potencial de levar o país a um apagão como em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, se não assumir o ônus político e financeiro de medidas emergenciais como o aumento da produção de eletricidade a partir de usinas térmicas.

Ontem à tarde, a produção das térmicas já era recorde (18%) do total, ultrapassando a eólica (13%). É energia até quatro vezes mais cara que o preço médio da matriz energética brasileira, onde predominam fontes renováveis (82%).

O custo da energia vai aumentar para todos consumidores, industriais e domiciliares. Para um presidente candidato à reeleição, não poderia haver notícia pior em meio a uma devastadora pandemia, com 426 mil mortos — o triplo do total de vítimas da bomba atômica lançada sobre Hiroshima, em 1945.

Complica ainda mais o cenário para um governo que perdeu o controle da gestão da pandemia, enfrenta uma CPI no Senado, poderá ter outra por causa do orçamento “paralelo”, está refém do Centrão e em permanente conflito com o Supremo Tribunal Federal.

Esse quadro torna mais compreensível a dimensão do lamento de Bolsonaro: “Demos mais um azar.”

Se não houver fina sintonia na administração da crise hidrológica, há risco de crise energética. Foi o que aconteceu na virada do milênio no governo Fernando Henrique. Sem preparação adequada, mergulhou o país num histórico “apagão”, com consequências na eleição de 2002.

Bolsonaro, lembram especialistas, tem uma vantagem: a crise hídrica está pior que nos anos FHC, mas o sistema de produção de energia está melhor — entre outras razões, pelo legado daquele período.

A decisão de liberar a geração térmica, energia suja para o padrão brasileiro, terá reflexos econômicos sérios numa economia cambaleante, mas vai ajudar a poupar água nos reservatórios das hidrelétricas pode ajudar a evitar que o país chegue ao final do ano no limiar do racionamento.

Se o governo agir rápido, nos próximos meses, poderá estimular aumento dos padrões de eficiência nas térmicas e maior difusão da energia eólica e solar, mais baratas e limpas, em todo o país. Três anos atrás a eólica respondia por 2% da eletricidade consumida, já está em 13%.

Na crise, há sol e vento a favor. Depende de competência administrativa. E, com um pouco de sorte, pode até chover no lugar “certo”.

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