Butatan faz experimento no interior de SP

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Foto: Reprodução

Após uma análise detectar que a variante P.1. da Covid-19, mais transmissível e considerada mais agressiva, é a predominante em Batatais, a cidade, que vive lockdown devido ao colapso da saúde, será alvo de um projeto envolvendo o Instituto Butantan e a Secretaria da Saúde local para testagem em massa da população.

Batizado de Isolamento Inteligente, o projeto será lançado nesta sexta-feira (28) e consiste em testar todos os moradores dos domicílios que forem selecionados para participar do estudo. Os agentes de saúde irão ao imóvel e testarão todos os moradores que aceitarem participar, sem nenhuma restrição de idade.

Mas, ainda que o domicílio não seja selecionado para o projeto, os moradores que tiverem sintomas ou contato com alguém sintomático ou confirmado com o novo coronavírus poderão buscar uma unidade de saúde para fazer os testes.

Em uma live diária que faz para divulgar à população o cenário da pandemia na cidade, a secretária da Saúde de Batatais, Bruna Toneti, disse que o objetivo do projeto é contribuir para frear o avanço do novo coronavírus na cidade e auxiliar na definição de medidas a serem tomadas pelo poder público, “para poder forçar a detecção dos casos da Covid-19 e também oferecer maior monitoramento da nossa população, para que a gente possa repensar em como vão ser os próximos dias daqui para a frente”.

O monitoramento das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus e seus contatos será feito com ajuda de inteligência artificial. O morador poderá baixar um aplicativo para conhecer, por exemplo, o resultado do seu teste.

Com o rastreamento de contatos, poderá haver otimização do isolamento correto dos casos positivos, segundo a secretária, para que o vírus não circule na cidade.

A iniciativa ocorre em um momento em que a cidade vive o ápice da crise da Covid-19 até aqui. Na quarta-feira (26), foram registrados 6 óbitos, o que elevou o total a 127 desde o início da pandemia.

Dessas, 39 foram neste mês, quase o dobro das 21 registradas em abril. Nesta quinta, há 13 pacientes aguardando por uma vaga de internação, mas a Santa Casa local opera com 100% de ocupação há mais de dois meses.

Desses pacientes, 12 estão na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e 1 aguarda transferência no centro médico da Unimed.

Esse cenário crítico é resultante, de acordo com a prefeitura, da circulação da variante brasileira da Covid-19. Análises feitas pelo Butantan em dez amostras indicaram a variante P.1. em todas elas. Os dados foram informados pelo instituto à Secretaria da Saúde local na última sexta-feira (21).

O presidente do Butantan, Dimas Covas, cuja família vive em Batatais, esteve na cidade em fevereiro para aplicar a primeira dose da Coronavac em sua mãe, Maria José Toledo Covas, 87.

Foi a chegada da variante a Araraquara, ainda em janeiro, que fez o total de casos, internações e óbitos disparar na cidade, que foi a primeira a decretar lockdown, ainda em fevereiro.

Em lockdown desde o dia 15, Batatais iniciou também o tratamento de pacientes com plasma, ao lado de Araraquara e Santos. O objetivo é iniciar o tratamento nos primeiros dias de sintomas, para que os pacientes não necessitem de internações em UTI.

A cidade recebeu inicialmente 50 bolsas de plasma para o início dos tratamentos. O protocolo foi definido pelo Butantan e podem participar pessoas com diagnóstico positivo da Covid-19 que tenham mais de 30 anos e apresentem comorbidades.

O agravamento da pandemia na cidade fez também com que o Exército fosse acionado para auxiliar na desinfecção de ruas e órgãos públicos. Santa Casa, UPA, ambulatório Covid e almoxarifado municipal foram alguns dos locais em que os homens do 13º Batalhão de Cavalaria Mecanizada, com apoio do Comando Militar do Sudeste, atuaram.

A decisão do lockdown em Batatais foi anunciada pelo prefeito Juninho Gaspar (PP) em 13 de maio e resultou no fechamento de igrejas, indústrias, escritórios, salões de beleza, academias, clubes, feiras livres, comércio em geral, lojas de materiais de construção, oficinas mecânicas, borracharias e lotéricas. Aulas nas redes pública e privada foram suspensas.

Supermercados, padarias, açougues, comércio de hortifrútis, restaurantes, lanchonetes, pet shops e depósitos de gás podem funcionar, mas apenas por delivery. O lockdown seguirá até 0h do dia 31 de maio.

Folha de S. Paulo