CPI acha que cloroquina causou 2a onda de covid

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Foto: Reprodução

Integrantes da CPI da Covid fizeram uma espécie de prévia com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na busca do rastro da cloroquina em Manaus.

A disseminação de um medicamento que a ciência já provou que não tem resultados positivos no tratamento da Covid será uma das principais linhas de responsabilização da comissão de inquérito.

Isso porque criava na população uma falsa sensação de segurança em relação à doença. A falta de uma ação mais efetiva no Amazonas já é interpretada na CPI como uma espécie de gatilho que deflagrou a segunda onda da pandemia no Brasil.

A avaliação interna é que Pazuello abriu caminho para vários questionamentos no depoimento que ocorrerá na próxima semana: o da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro.

Conhecida como “capitã cloroquina”, Mayra é apontada como idealizadora e responsável pela plataforma TratCOV, que prescrevia o “kit Covid” aos usuários do aplicativo. O kit inclui remédio sem eficácia, porém defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro. Na CPI, Pazuello virou motivo de ironia dos senadores ao argumentar que o aplicativo foi invadido por um hacker.

A cronologia dos fatos revelou a contradição de Pazuello. Para a CPI, ele afirmou que o TratCOV era uma plataforma em desenvolvimento. Mas, no dia 11 de janeiro, a secretária afirmou que o sistema já poderia ser utilizado. Três dias depois, o Ministério da Saúde divulgava o aplicativo em redes sociais. Só no dia 21 de janeiro o sistema foi retirado do ar, sob alegação de um ataque hacker.

Para integrantes da CPI, a situação da disseminação da cloroquina é ainda mais grave que a do aplicativo. Isso porque a própria secretária Mayra Pinheiro já confirmou que foi responsável pela organização de uma comitiva de médicos que foi ao Amazonas para difundir o uso da cloroquina como tratamento contra a Covid.

Segundo revelou recentemente o jornal “O Globo”, em depoimento ao MPF (Ministério Público Federal), ela disse que o ministério incentivou o uso do fármaco em diversas visitas de médicos voluntários a unidades de saúde de Manaus. A viagem aconteceu em janeiro, apenas dias antes do colapso do sistema de saúde local e da crise de falta de oxigênio.

As visitas, de acordo com a secretária, aconteceram em 13 unidades de saúde da cidade. Pinheiro confirmou ainda que o ofício não apenas cobrava a adesão dos médicos ao tratamento precoce como orientava o uso de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina, todos sem eficácia contra a Covid.

G1