Desesperado, Bolsonaro diz que se Lula voltar, não sai mais

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Foto: Dida Sampaio/ Estadão

O presidente Jair Bolsonaro demonstrou nesta sexta-feira, 14, preocupação com a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputar a cadeira principal do Palácio do Planalto nas eleições do ano que vem. “A turma quer votar ainda neste filho do capeta. Se esse cara voltar, nunca mais vai sair”, afirmou Bolsonaro a apoiadores na entrada do Palácio do Alvorada.

A fala sobre Lula veio após Bolsonaro fazer um discurso contra os críticos da ditadura militar, que perseguiu opositores, instalou a censura nos meios de comunicação e cassou mandatos de parlamentares. Para reforçar as declarações contra a esquerda, o chefe do Poder Executivo centrou as críticas na luta armada contra o regime autoritário e citou o guerrilheiro Carlos Lamarca.

“Quando o Lamarca passou, eu estava na porta da escola onde ele, em um tiroteio, feriu seis, a força pública deteve. Uma mulher (foi ferida) com um tiro na coxa. No dia seguinte ele conseguiu capturar o coronel Roberto Mendes Júnior e matou a paulada, foi descoberto o corpo, que foi encontrado dois meses depois. Esse é o herói da esquerda, matou a coronhadas”, disse Bolsonaro.

“Vale a pena escutar, a canalhada da esquerda continua a mesma coisa. Eles tinham um tribunal de honra, só praticavam justiçamento por fuzilamento. Avocaram o tribunal de honra, a canalhada, e resolveram matar a coronhadas porque se fuzilassem um tenente de 23 anos de idade, despertaria por parte das forças de segurança a localização. Mataram a coronhadas um tenente de 23 anos de idade. Quem matou foi o Lamarca, herói da esquerda brasileira. A turma quer votar ainda neste filho do capeta. Se esse cara voltar, nunca mais vai sair, escreve aí, tá?”, finalizou o presidente se referindo ao ex-presidente Lula.

Antes dessa fala, uma das apoiadoras bolsonaristas havia feito uma criança falar para Bolsonaro: “Prende o Lula, por favor”. Ao que o presidente reagiu rindo, mas sem fazer comentário.

As declarações ocorrem dois dias após uma pesquisa do instituto Datafolha mostrar que Lula lidera a disputa pelo Palácio do Planalto com 41% das intenções de voto, contra 23% de Bolsonaro.

O ex-presidente da República voltou a ficar elegível depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) anular as condenações que lhe haviam sido impostas pela Operação Lava Jato.

Mais tarde nesta sexta, o presidente viajou para cidade de Terrenos, no Mato Grosso do Sul, para entregar título de propriedade rural. No evento, Bolsonaro voltou a reclamar de Lula e pregou uma mudança no sistema de votação.

“Vejam o que acontece com alguns países da América do Sul, o que aconteceu com a Venezuela, o que está acontecendo com a Argentina. Queremos isso para nós? Não vai acontecer porque, se Deus quiser, vai aprovar o voto impresso lá. O bandido foi posto em liberdade, foi tornado elegível, no meu entender, para ser presidente. Na fraude, ele só ganha na fraude o ano que vem”, afirmou o presidente.

“Se o Congresso Nacional votar e promulgar uma PEC do voto impresso, teremos voto impresso no ano que vem. Eleições dali para a frente só com voto impresso”, completou.

Uma das principais bandeiras de Bolsonaro, o voto impresso já foi implantado em caráter experimental nas eleições presidenciais de 2002 — e acabou reprovado pelo TSE.

Naquele ano, para testar o sistema, a medida foi adotada em 150 municípios, atingindo 6,18% do eleitorado. “Sua introdução no processo de votação nada agregou em termos de segurança ou transparência. Por outro lado, criou problemas”, apontou um relatório do TSE. O tribunal concluiu que, nas seções com voto impresso, foram maiores o tamanho das filas e o percentual das urnas que apresentaram defeitos, além das falhas verificadas apenas nas impressoras.

“Houve incidência de casos de enredamento de papel, possivelmente devido a umidade e dificuldades de manutenção do módulo impressor”, apontou o relatório do TSE. No Distrito Federal, que adotou o voto impresso em todas as seções eleitorais em 2002, o índice de quebra de urna eletrônica no primeiro turno foi de 5,30%, enquanto a média nacional foi bem inferior: 1,41%.

No discurso em Mato Grosso do Sul, Bolsonaro fez críticas ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. O chefe do Poder Executivo classificou o emedebista como “crápula”.

“Se faz uma CPI em Brasília, não é para apurar propina na vacina, não. Disso a imprensa está com saudades. Faz uma CPI com aquela composição que puxa vida, para não falar puxa outra coisa, para apurar omissões no governo federal. Na hora de apurar governadores, ela é contra. O crápula ainda diz que essa CPI não é para investigar desvio de recursos. Até porque para investigar o governo (federal) por desvio de recurso, pelo que eu sei, vai perder tempo, mas se for para alguns estados…”

Estadão