Diretor da OMS abandona diplomacia e rasga o vergo

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

A OMS (Organização Mundial da Saúde) abandona a diplomacia e alerta que a falta de distribuição de vacinas é um “escândalo”. Ao abrir a Assembleia Mundial da Saúde, nesta segunda-feira, o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, criticou a concentração de doses nas mãos de poucas economias e pediu uma mudança imediata de estratégia.

“A questão de distribuição é escandalosa e perpetua a pandemia”, disse. Segundo ele, apenas dez países somam 75% de todas as vacinas administradas. “Não há uma forma diplomática de dizer isso. Hoje, um pequeno grupo de países controla o destino do mundo”, alertou.

Segundo ele, o mundo hoje tem uma produção suficiente de doses para vacinar todos os profissionais de saúde e idosos. Mas não foi isso que ocorreu. “Poderíamos estar numa situação muito melhor”, disse Tedros.

Na esperança de reverter essa situação, a OMS lançou nesta segunda-feira a meta de ter 10% da população mundial vacinada até setembro. Até dezembro, o objetivo é de essa taxa atinja 30%. “Isso é crucial para parar as mortes”, disse.

A agência também busca um acordo com o FMI para que, até meados de 2022, 60% da população mundial esteja imunizada.

Mas, para que isso ocorra, a OMS pede que governos façam doações “imediatas” de vacinas para que o mecanismo internacional – a Covax – possa distribuir as doses para os países em desenvolvimento. Na semana passada, governos e empresas anunciaram no G-20 o fornecimento de 3,5 bilhões de doses até o final de 2022.

Mas Tedros insiste que não há como esperar e que o mundo precisa de doses “agora”. “Necessitamos de mais doses e precisamos delas rapidamente”, insistiu.

Ele ainda pede uma maior produção de vacinas, seja por meio de uma suspensão de patentes dos imunizantes ou por acordos de transferência de tecnologia. “Não entendo como isso não ocorreu ainda”, afirmou.

De acordo com a OMS, a pandemia não está chegando ao seu final. Segundo Tedros, o mundo registrou mais casos em cinco meses de 2021 que em todo o ano de 2020. No atual ritmo, as mortes em 2021 vão superar os óbitos de 2020 em apenas três semanas.

Tedros comemora que, por três semanas seguidas, os números globais da pandemia estão em queda. Mas isso não é uma realidade em todos os continentes e países. “Globalmente, a situação é frágil”, disse.

Segundo ele, nenhum país deve considerar que está fora de perigo, por mais elevada que seja a taxa de vacinação. O argumento é de que, com as mutações do vírus ocorrendo, não existem garantias de que uma eventual mutação não acabe invalidando os efeitos das vacinas. “Isso nos colocaria na estaca zero”, alertou.

“A pandemia não acabou. Temos de ser claros. Isso só ocorrerá quando a transmissão for controlada em todos os países”, disse.

Uol