Freixo está quase filiado ao PSB

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Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Enquanto o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) evita comentar os planos de sua pré-candidatura a governador e troca de legenda, depois de quase 16 anos no Psol, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirma que as negociações para a filiação do parlamentar estão “bastante adiantadas”. Para o dirigente, a mudança faz parte de um reposicionamento de Freixo para permitir uma aliança mais ampla, que vá além da esquerda, porque “queremos incluir também o próprio prefeito [Eduardo Paes] e seu partido [PSD]”.

“Ele [Freixo] realmente tem mantido conversas comigo sobre a possibilidade de vir para o PSB. São conversas muito boas, bastante adiantadas, que espero que se concretize”, diz.

Siqueira defende que a filiação de Freixo ocorra o quanto antes e não espere a janela de transferência de 30 dias, aberta a seis meses da eleição impedindo a perda de mandato por infidelidade partidária. Para isso, o deputado precisaria entrar em acordo com o Psol. “É o que se espera, acho que é necessário. Argumento com ele a necessidade, pois para você construir uma candidatura é importante uma preparação, e que a tenha dentro do próprio partido”, afirma o dirigente. Siqueira conta que Freixo e o também deputado federal Alessandro Molon, presidente do diretório fluminense do PSB, tinham rusgas mas que elas foram superadas.

“O Molon concorda com a vinda dele, foi o próprio Molon que me contou que fez as pazes com ele. Molon disse que, daqui para frente, só quer brigar com o Bolsonaro”, diz. Freixo e Molon encontraram-se com o ex-presidente Lula, em Brasília, no início do mês, mas o entendimento entre os dois é anterior e não foi articulado pelo petista, afirma Siqueira. “Não tem nada a ver com a conversa deles com o Lula. Foi muito antes, nos últimos meses. Mas, para fazer a frente, ele [Freixo] precisa conversar com quem quiser”, acrescenta. O líder nacional do PSB nega que a interlocução dos dois deputados com Lula indique que o palanque a governador no Rio vá desfavorecer a candidatura ao Planalto de Ciro Gomes (PDT), como prevê o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi.

“O PSB não se posicionou ainda na sucessão presidencial. Só trabalho com fato. Mas poderia ser um palanque aberto a mais de um candidato presidencial. Existem várias experiências. O [governador do Maranhão] Flávio Dino na última eleição teve o vice do PSDB e, no entanto, ele apoiou o Fernando Haddad (PT) e o vice dele apoiou o Geraldo Alckmin (PSDB). Isso é comum”, sugere. Siqueira reconhece que, nestes casos, o candidato a governador “pode ter, e normalmente tem, a sua preferência”, mas recebe o candidato a presidente de mais de um partido no seu palanque, e “mostra sua visão ampla de convivência democrática”. Quanto à decisão final, argumenta, ela “é do eleitorado”. “Agora, cada um vai julgar se isso convém ou não. Se o Lupi acha que não convém, não convém. Mas acho que seria muito interessante, inclusive para o Ciro, uma frente agregando toda a esquerda e centro-esquerda no Rio contra o bolsonarismo, na base do Bolsonaro. Mas cada um tem sua percepção das coisas”, afirma.

O dirigente do PSB relata que teve uma “boa conversa” recentemente com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, que tem o apoio do prefeito Eduardo Paes (PSD) na disputa ao Palácio Guanabara. Siqueira conta que fez um convite ao advogado para se filiar a seu partido, mas entende que Santa Cruz é umbilicalmente ligado a Paes. “Ele apenas me disse que, quando sair da presidência da OAB, em fevereiro, pretende entrar na vida política, partidária, eleitoral.

Mas ele não me disse que quer ser candidato a governador, não falou em candidatura específica. Demonstrou interesse em participar, ao passo que Freixo é determinado a ser candidato a governador”, diz. Santa Cruz também é cotado para disputar a eleição ao Senado, o que poderia fazer parte de uma composição com o grupo de Paes. A vaga de senador também interessa a Molon mas, com a filiação de Freixo para concorrer a governador, seria natural que ela fosse usada pelo PSB para atrair aliados para a coligação: “O Molon colocou o nome dele [ao Senado], mas vai testar se essa chapa funciona. Também não vai correr risco demais. É um bom candidato, isso será discutido mais à frente”.

Valor Econômico