George Floyd está mudando o mundo

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Foto: Kerem Yucel/AFP

Floyd agora é pop e estampa camisetas, bonés, muros, fachada de residências e luminosos de prédios, bares e quadras esportivas. Em várias partes do mundo pessoas comuns e personalidades lamentaram a perda do novo ícone da luta contra a injustiça, discriminação, racismo e violência policial. Um grande feito para um ex-presidiário, ex-caminhoneiro e ex-segurança desempregado. Agora popular, disputa com as grandes personalidades negras históricas atenção e reverência. Floyd agora é um dos nossos, está conosco.

Como se confirma a cada dia, de fato, sua morte não foi em vão. Servirá para mudar o mundo conforme profetizado por sua filha Gianna, de sete anos, no seu funeral. Já mudou a vida dela, cuja vaquinha eletrônica para financiar seus estudos alcançou a casa de milhões de dólares. Todavia, a expressão mais destacada dessa nova realidade foi o recebimento de toda sua família em audiência reservada com o presidente Joe Biden, na Casa Branca, no aniversario da sua morte. O gesto é intuitivo e extraordinariamente revelador: o negro entrou novamente na agenda politica e presidencial dos Estados Unidos.

Tão importante quanto o apoio da opinião publica, da condenação unânime do policial Derek Chauvin (em tempo recorde e com os testemunhos acusatórios dos próprios policiais), das leis e reformas da segurança no Congresso e do pagamento antecipado pelos cidadãos de Minneapolis de indenização de quase 30 milhões de dólares à família, era indispensável conhecer de que lado estaria o presidente eleito, um ano depois.

Biden já tinha vivenciado o problema, quando participou com Obama da “cúpula da cerveja”, nos jardins da Casa Branca. Naquela ocasião, junto com o respeitado professor negro de Harvard Henry Louis Gates e o sargento branco James Crowley tentaram aparar arestas por conta da abordagem imprópria e tida como discriminatória dele, policial, contra o professor. Na contramão da razão, a feroz contestação da opinião pública obrigou até mesmo Obama voltar atrás naquilo que ele definiu como estupidez policial. Diante da saia justa e limitação fática incontornável, nada mais restou a ambos além de tentar transformar a conflito instalado numa conversa de botequim. A Cúpula rendeu bons chopes, mas não conseguiu avançar na questão.

Biden compreendeu a delicadeza da questão e entendeu que construir caminhos para a pacificação racial é papel do presidente, sem deixar de fora os brancos e, sobretudo, a polícia. Compromisso assumido, voto negro convertido, e promessa cumprida com a nomeação de quatro ministros negros, entre eles, seu senhor da guerra, o general do Exercito Lloyd Austin, como seu Secretario de Estado; e também decretos presidenciais tratando de ações policiais, politicas públicas de igualdade no desenvolvimento urbano, voto e a saúde publica dos negros.

O recebimento da família Floyd no seu gabinete presidencial, no primeiro aniversário de morte, demonstra sua sensibilidade e manutenção do seu compromisso politico com os negros de maneira categórica. Permite até arriscar que a mudança chegou à América.

Atos de profundo respeito como esse revelam a alta consideração e solidariedade humana somente alcançada por grandes estadistas e pessoas de espirito superior. Da mesma maneira, tem extraordinária capacidade de inspirar o mundo à sua volta e estimular os americanos seguirem na busca da grandiosidade republicana perdida há muito tempo. Nas palavras de Biden: os Estados Unidos nunca cumpriram sua promessa fundamental de igualdade para todos, mas nunca deixou de tentar.

Fez isso na ‘cúpula da cerveja ‘e faz agora com Floyd. Tem dúvidas da mudança? Imagine se fosse com Trump!

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