Imagens da resistência feminina em Belarus encantam o mundo

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Foto: Reprodução

Com foco na participação feminina contra a ditadura na Belarus, uma exposição fotográfica que já passou por 13 países está sendo organizada também no Brasil —a previsão é que seja inaugurada em setembro, em Brasília.

As mulheres ganharam projeção na reação contra a ditadura na primeira semana após a divulgação, em 9 de agosto de 2020, de um resultado eleitoral considerado inaceitável por críticos do ditador Aleksandr Lukachenko. Milhares foram às ruas e os primeiros dias foram violentos. Foi pela paz, porém, que elas mantiveram as pessoas mobilizadas.

No quarto dia após a eleição, moças vestidas de branco e levando flores nas mãos formaram uma corrente em calçadas do centro de Minsk, pedindo o fim da violência. A imagem circulou, a ideia pegou e muitas passaram a ir às ruas todos os dias, em toda a cidade.

No começo, o regime ficou atônito —Lukachenko sempre afirmou que mulheres não servem para a política, e foi só por isso que permitiu que a líder da oposição Svetlana Tikhanovskaia assumisse a candidatura a presidente em lugar de seu marido, Serguei Tikhanovski.

Assim como o ditador, as tropas de choque ficaram surpresas por algumas semanas. Mas em setembro a aparente trégua cedeu a prisões em massa indiscriminadas —de mulheres, idosos, deficientes e qualquer um que manifestasse oposição ao regime. O simples ato de levar uma fita branca no pulso pode ser punido com detenção e multa.

Neste sábado (29), foram marcados protestos pelos 365 dias da prisão de Tikhanovski —que ainda não foi julgado— em dezenas de cidades na Europa e nos Estados Unidos, no que foi chamado de Dia de Solidariedade Global com a Belarus.

No Brasil, onde mulheres também estão à frente da divulgação dos que se opõem à ditadura, não há marchas. Mas Volha Iermalaieva Franco, que representa no país a equipe de Svetlana Tikhanovskaia, lançou uma campanha para que brasileiros apoiem a volta da democracia na Belarus: “As pessoas podem escrever nas redes sociais e usar tags como #StandWithBelarus, ou marcar a Embaixada Popular da Belarus no Brasil (@BelarusInBrasil).

Além da exposição de fotos, que se chama “Belarus: A Democracia Tem Rosto de Mulher”, o grupo pretende mostrar dois documentários e uma instalação interativa, sob curadoria do italiano Luca Bonacini e organização de Anastasiya Golets e Olga Aleszko-Lessels. O desvio do avião em que viajava o blogueiro Roman Protassevich jogou uma sombra sobre o evento.

A exposição mostra os trabalhos de quatro fotógrafos belorussos, três dos quais ainda estão na Belarus. A manobra de Lukachenko para prender um rival que estava fora do país fez com que os organizadores pedissem sigilo sobre o nome dos profissionais, inclusive do que já saiu do país. “Ninguém está mais a salvo, nem mesmo no exterior”, afirmou uma delas.

A reação mostra, numa escala menor, a preocupação em larga escala de líderes dos principais países do mundo. Na semana passada, Reino Unido e União Europeia proibiram companhias aéreas de sobrevoar a Belarus e fecharam seus aeroportos a companhias belarussas. Também vão ampliar sanções a empresas e pessoas ligadas à ditadura.

Nesta sexta, o presidente dos EUA, Joe Biden, também anunciou a proibição de voos e sanções contra o regime da Belarus.​

Folha