Lira insinua que Moro merece cadeia

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Foto: Pablo Valadares/Câmara dos deputados

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-Al), disse que o presidente Jair Bolsonaro vive o seu pior momento político, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vivencia o seu melhor. A declaração ocorreu ontem, durante seminário promovido pelo BTG Pactual, em São Paulo. Entretanto, Lira ressaltou que as pesquisas de intenção de voto divulgadas até agora são um “retrato do momento”.

“Estamos numa complicação de vacina, numa ausência em que se passou três meses sem o auxílio emergencial. Na minha visão, o presidente Bolsonaro está no pior momento e o candidato e ex-presidente Lula está no seu melhor momento”, afirmou Lira, que frisou, no entanto, que “fazer uma análise de quem vai estar melhor daqui a um ano é muito relativo”.

O presidente da Câmara disse que não acredita na viabilidade de uma terceira via no Brasil e que a polarização que existe hoje é a mesma que existiu entre PSDB e PT. “E nem por isso a gente falava de extremismos”, disse.

“Ela [terceira via] não houve em 1989. Foi Collor contra Lula, Lula contra FHC, sempre teve essa polarização e essa terceira via, o mais perto que ela chegou foi com aquela eleição [da qual participou, em 2014] a Marina Silva”. Lira disse ainda que, na eleição seguinte, a candidatura de Marina “se dissolveu”, chegando atrás do candidato Cabo Daciolo. “Na eleição de 2022, com a polarização que existe, eu não acredito em terceira via porque os dois candidatos vão convergir para o centro, e o centro vai escolher qual o melhor dos dois para governar”, disse Lira.

O presidente da Câmara responsabilizou o PT pela atual polarização política no país. “A gente tem que afastar essa ideia de que o Brasil vive de extremos. A polarização existe hoje e eu creio que por parte do PT, que ainda faz a polarização. E do governo, que ocupou o lugar do PSDB”.

Durante o evento, Lira evitou responder sobre a possibilidade de Bolsonaro, atualmente sem partido, filiar-se ao PP.

“Esses assuntos partidários eu deixo sempre para o Ciro [Nogueira, presidente nacional da legenda], para não haver conflito de instâncias”, afirmou.

Lira também foi indagado sobre o fato de o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ter anulado as condenações criminais impostas a Lula pelo ex-juiz federal de Curitiba, Sergio Moro.

“Eu sempre deixei claro que houve excessos na Lava-Jato e, ainda hoje, tenho quase certeza de que o ex-juiz Moro, em um país mais duro, teria recebido uma pena muito rígida”.

Segundo o presidente da Câmara, “os erros que foram cometidos de parcialidade são inadmissíveis para uma Justiça que tem a obrigação de ser imparcial, que tem a obrigação de manter o direito de defesa, o direito do Estado Democrático intocáveis no Brasil e em qualquer parte do mundo”.

Lira também criticou o que considera uma tendência de o Judiciário interferir no Legislativo.

“O Congresso tem renovação a cada 4 anos, o Executivo também. O Judiciário não, ele tem uma linha de atuação de longo prazo. Dependendo do caso, um ministro fica ali 10, 20, 30 anos, no caso do Supremo. Então você tem um tempo de maturação e você vai formando alguns entendimentos em que muitas vezes, não tenho problema de dizer, há um ativismo judicial, sim”.

Valor Econômico