Mandetta vai à CPI acusar Bolsonaro de “omissões”

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Foto: ED ALVES

A testemunha que iniciará os depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia é também a principal figura que promete escancarar as divergências frontais com o presidente da República Jair Bolsonaro no enfrentamento à crise de saúde provocada pela covid-19. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta tem nas mãos um roteiro pronto para apresentar aos senadores e, nos últimos dias, se concentrou em estudá-lo e se preparar, também, para retrucar as ofensivas esperadas por parte da base governista.

Abatido pelo negacionismo do Palácio do Planalto, Mandetta tem potencial para provocar sérios danos políticos ao governo Bolsonaro. Médico com carreira política e com planos eleitorais para 2022, Mandetta deve oferecer fartos subsídios para a oposição, maioria na composição da CPI. Como antecipado no livro Um paciente chamado Brasil — os bastidores da luta contra o coronavírus, que conta os embates entre Mandetta e o presidente da República, são esperadas revelações de negligência por parte do mandatário em relação à pandemia.

A narrativa que distanciou Bolsonaro do então ministro tem como ponto de partida o fatídico 15 de março de 2020, quando o presidente descumpriu as orientações expressas de seu gestor da Saúde e cumprimentou, sem máscara e com direito a selfies, apoiadores que foram às ruas em manifestações pró-governo. À época, Mandetta procurou não criticar abertamente a conduta do mandatário. Ao invés disso, juntou estudos e dados para convencer o chefe sobre a gravidade da pandemia. Apontou que, se nada fosse feito, o país chegaria a 200 mil mortos por covid. Hoje, o Brasil conta mais que o dobro dessa previsão.

Na perspectiva de Mandetta, narrada no livro e possivelmente abordada no depoimento de hoje à CPI, o presidente da República estava menos preocupado com o cenário de guerra que se apresentava – o ex-ministro mencionou caminhões do Exército a carregar corpos das vítimas — e mais incomodado com um eventual alinhamento do Ministério da Saúde com os governadores, particularmente com o adversário João Doria (PSDB-SP), em São Paulo.

Além desse aspecto, o livro aborda a recusa do presidente quanto ao uso máscaras e a promoção de medicamentos sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus. Desta vez, é esperado que Mandetta traga documentos e cite nomes que reforcem a tese, o que promete direcionar as próximas oitivas.

Alvo de críticas de Mandetta, o governo também prepara munição. A fim de questionar a credibilidade do ex-ministro, senadores aliados pretendem apresentar documentos que apontam erros do então chefe da pasta em negociações de insumos como pagamentos antecipados de contratos frustrados. Nas mãos, os parlamentares da base têm perguntas elaboradas com base em contratos com respiradores que vieram com peças faltando, bem como compras de insumos básicos de proteção individual que nunca chegaram da China. Até mesmo a orientação do início da pandemia para que a população não comprasse máscaras — e, assim, não disputasse a oferta com os profissionais de saúde — deve compor o conjunto de perguntas para mudar o foco da responsabilização de Bolsonaro.

Outra estratégia da base aliada, não apenas para Mandetta, é limitar os questionamentos ao momento da pandemia em que cada um dos ex-ministros atuou. “Não cabe aqui analogia; não cabe aqui visão do que faria se lá estivesse nesse novo momento. O que nós queremos saber é o que fez, como fez e porque fez cada gestor no momento em que esteve à frente da pasta da Saúde”, justificou o senador Marcos Rogério (DEM-RO). Na avaliação do parlamentar que, apesar de fazer parte da base aliada, integra o mesmo DEM de Mandetta, não há grandes surpresas a serem reveladas, já que “os atos são públicos”. “Dizer que esses depoimentos podem trazer revelações surpreendentes é desconhecer como funciona o sistema público”.

Marcos Rogério é um dos membros que procura equilibrar os depoimentos com convocações de governadores, como estratégia para expandir o foco da CPI e responsabilizar, também, as gestões locais. Quem também tem batido nessa tecla é o senador Eduardo Girão (Podemos/CE). “Não podemos fechar os olhos para os supostos escândalos que já estão sendo apurados pela Polícia Federal. Isso será um desrespeito com a população que deseja o correto”, disse. Diante da articulação, o esperado é que a relação do governo federal com as gestões estaduais seja alvo de questionamentos a Mandetta e aos demais ex-ministros.

Outra tática é frisar os supostos fins eleitoreiros de Mandetta ao romper publicamente a aliança com Bolsonaro. Hoje presidenciável para a disputa de 2022, o ex-ministro deverá ter as intenções questionadas pelos fins políticos. A recomendação dada por aliados de Mandetta é de que ele não transforme a CPI em palanque e consiga explicitar, de forma isenta, os equívocos que levaram o país a ter, hoje, mais de 400 mil vidas perdidas pela covid-19.

Como ocorrerão os depoimentos
Assim como ocorrerá com os outros convidados da CPI, Luiz Henrique Mandetta responderá, primeiramente, às perguntas elaboradas pelo relator Renan Calheiros (MDB/AL). O parlamentar terá prioridade para iniciar as perguntas e dispõe do tempo que achar necessário para isso. Na sequência, os demais membros da CPI têm prazo de 5 minutos para fazer perguntas. O depoente tem outros 5 minutos para responder. Para réplica e tréplica serão destinados outros três minutos. Caso todos os membros façam perguntas e haja réplica e tréplica, a sessão se estenderá por mais de três horas, sem contar com o tempo indeterminado dado ao relator.

Correio Braziliense

 

 

 

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