Polícia civil carioca desobedece STF, faz operação e mata 2

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Foto: Mauro Pimentel/AFP

Mesmo com a suspensão do Supremo Tribunal Federal (STF) de operações em favelas durante a pandemia do novo coronavírus, a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou, na manhã desta quinta-feira, 6, uma ação contra o tráfico de drogas no Jacarezinho, na Zona Norte da capital. O tiroteio deixou 25 mortos, um deles o policial civil André Leonardo de Mello Frias, baleado na cabeça. Ele era lotado na Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). As outras 24 vítimas, de acordo com a própria corporação, são suspeitas de serem criminosos. As identificações dos corpos ainda não foram divulgadas. Dois passageiros do metrô ficaram feridos dentro de um vagão da linha 2, na altura da estação Triagem. Dois policiais civis também se feriram. Um morador levou um tiro no pé, dentro de casa, mas passa bem.

Desde junho do ano passado, a decisão do STF permite apenas a realização das operações em “hipóteses absolutamente excepcionais“. Os agentes deveriam comunicar ao Ministério Público o motivo da ofensiva contra os traficantes. No entanto, isso não ocorreu até o momento. Procurado por VEJA, o governador Cláudio Castro não comentou o assunto, por enquanto. Castro foi oficializado no cargo no último sábado, 1°, depois que o ex-governador Wilson Witzel (PSC) sofreu impeachment por corrupção.

Nas redes sociais, moradores do Jacarezinho relataram cenas de terror, como corpos espalhados pelo chão e invasão de casas, além de terem os celulares apreendidos. Segundo eles, haveriam mais pessoas mortas, o que ainda não foi confirmado pela Polícia Civil. No início da tarde, um grupo de moradores protestou em um dos acessos à favela.

A Operação Exceptis investiga o aliciamento de crianças e adolescentes para ações criminosas dos traficantes. Entre elas, assassinatos, roubos e, inclusive, sequestros de trens da concessionária Supervia. Segundo a polícia, o tráfico de drogas do Jacarezinho adota táticas de guerrilha, com armas pesadas. A VEJA, a Polícia Civil informou que a ação desta quinta-feira está “dentro do caso de excepcionalidade” exigida pelo STF. “Foi um trabalho de inteligência. São traficantes treinando crianças de 12 anos a darem tiros de fuzil e para serem a linha de frente da facção criminosa; há toque de recolher de moradores. A situação no Jacarezinho hoje foi uma excepcionalidade. Todo o trâmite jurídico foi cumprido”, justificou a assessoria de imprensa da polícia. O STF e o Ministério Público ainda não responderam os questionamentos de VEJA.

No Twitter, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) disse que fotos foram tiradas de um dos mortos em situação humilhante: “Recebemos a denúncia de que, depois da operação no Jacarezinho nesta manhã, um corpo de uma pessoa negra foi colocado numa cadeira com um dos dedos na boca para a população ver. Isso é BARBÁRIE! Não há palavras para descrever essa situação. Respeitem a favela e a decisão do STF!”, escreveu ela.

O advogado Djeff Amadeus, um dos responsáveis pela sustentação do ADPF 635 no STF, fez a mesma denúncia também no Twitter. “Barbárie: após a operação policial no Jacarezinho, o corpo de uma pessoa negra foi posto numa cadeira, sentado, com um dos seus dedos na boca, em posição de deboche. E o corpo está lá, para que todas e todos vejam! Debocham da decisão do STF que suspendeu operações policiais!”, afirmou Amadeus.

A favela do Jacarezinho é dominada pelo Comando Vermelho, a maior facção do tráfico de drogas em atividade no Rio de Janeiro. A região é cercada por barricadas erguidas pelos criminosos, o que dificulta o acesso dos carros blindados da polícia. Ao contrário de boa parte das comunidades cariocas, o local é plano. Segundo a plataforma digital Fogo Cruzado, que registra informações relativas à violência armada desde julho de 2016, é o maior número de mortes durante uma operação da polícia em uma favela. No total, foram 269 tiroteios no Jacarezinho, sendo 35% decorrentes de ações e/ou operações policiais, com um total de 46 mortos.

Veja  

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