Renan irrita governistas citando Holocausto nazista

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Uma comparação entre a pandemia no Brasil e o nazismo, feita pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), provocou a reação dos senadores governistas no colegiado nesta terça-feira na sessão de depoimento da secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina. Calheiros usou alguns minutos do seu tempo de pergunta para lembrar a todos informações do Tribunal de Nuremberg, usado para julgar os crimes cometidos pelos nazistas. Ele citou ainda trechos de depoimentos que afirmavam que era impossível desobedecer ordens de Adolf Hitler.

— Faço questão de trazer à memória de todos talvez o julgamento mais conhecido de todos, o tribunal de Nuremberg, foi ali que o mundo procurou encontrar respostas para um crime atualmente inconcebível, o genocídio de 6 milhões de judeus nos campos de concentração no regime nazista — disse o relator em um dos trechos.

Os governistas reagiram.

— É um absurdo querer comparar a situação com o genocídio na Alemanha. Isso é mais que um pré-julgamento. É uma coisa odienta. Isso não existe — disse, exaltado, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

— Não é o momento do relatório. O relator pergunta — acrescentou Ciro Nogueira (PP-PI).

— Qualquer paralelismo é um absurdo — continuou Bezerra.

— As 450 mil mortes são dos que negam tratamento — disse Luis Carlos Heinze (Progressistas-RS).

Após a discussão, Calheiros voltou a falar e, ao fim, arrematou:

— Não podemos dizer que houve genocídio. Não podemos dizer ainda. Mas podemos dizer que há sim uma semelhança assustadora, uma semelhança terrível, uma semelhança tenebrosa, uma semelhança perturbadora no comportamento de algumas altas autoridades que testemunharam aqui na CPI e o relato que acabei de ler sobre um dos marechais do nazismo no tribunal de Nuremberg, negando tudo, enaltecendo Hitler, apresentando-se como salvadores da pátria, enquanto a História provou que faziam parte de uma máquina da morte.

O Globo