Trecho censurado de reunião ministerial de Bolsonaro tem ataque de Ernesto à China

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Foto: AFP

A senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, ameaçou nesta terça-feira pedir a quebra do sigilo de trecho da reunião ministerial na qual o então ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo teria dirigido ofensas ao governo da China. Esta foi a única parte da reunião da cúpula do governo que foi mantida em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para não gerar um incidente diplomático.

A reunião ministerial, realizada em 22 de abril do ano passado, ficou conhecida por expor declarações polêmicas, como a do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre intervenções na Polícia Federal, e do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), sobre deixar “passar a boiada” com a derrubada de exigências previstas em normas ambientais.

“A AGU [Advocacia Geral da União] pediu encarecidamente que um pedaço da reunião fosse retirado porque daria um problema diplomático seríssimo. Adivinha de quem era esse trecho? Era de vossa senhoria, onde o senhor atacava fortemente a China”, disse Kátia durante sessão da CPI da Covid. “O ministro Celso de Mello [do STF] permitiu a retirada da sua fala porque só fazia bonito para a família Bolsonaro”, completou a senadora, que no fim de março foi alvo de ataques do então ministro.

Durante a sessão desta terça-feira, Araújo negou que tenha assumido uma postura de hostilidade em relação à China. Para ele, não há indícios de interferência política nos atrasos de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) do gigante asiático.

O ex-chanceler disse não acreditar que o governo chinês assumiria o desgaste de segurar o envio de dose ou matéria-prima para a produção nacional. “Acho que a China não tem nenhum interesse em propalar a imagem de que administraria algo tão importante como a vacina, que pode salvar vidas, por questões políticas”, afirmou Araújo.

Ao finalizar sua fala, Kátia propôs ao presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), que fosse quebrado o sigilo das correspondências entre o Itamaraty e embaixadas brasileiras no exterior, além da troca de ofícios com outros ministérios, para revelar quem mais influenciou negativamente o governo a tomar as decisões equivocadas sobre a compra de vacinas.

Valor Econômico