Assessor de Bolsonaro vira réu por gesto fascista

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Foto: Reprodução

A Justiça Federal de Brasília aceitou a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra o Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Com isso, Martins virou réu por gesto racista. A decisão foi tomada pelo juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos.

Martins fez um gesto com a mão que, com três dedos abertos (simbolizando a letra “w”) e o indicador se juntando ao polegar (formando um “p”), significa “white power” (em português: poder branco), sendo um símbolo para grupos supremacistas.

No último dia 9, o MPF denunciou Filipe Martins por, durante uma sessão no Senado Federal, realizar um gesto ligado a grupos racistas e supremacistas. O assessor internacional foi flagrado fazendo o gesto às costas do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), enquanto o parlamentar conduzia uma sessão plenária.

Na época, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, queixou-se e pediu que Martins fosse retirado das dependências da Casa.

Em nota, o MPF disse que descartou a possibilidade de casualidade no comportamento de Filipe Martins no Senado e que “ficou evidente” que o assessor “tinha consciência do conteúdo, do significado e da ilicitude do seu gesto”.

Na ocasião, o advogado João Vinicius Manssur, que representa Martins, disse em nota que a acusação não tinha embasamento. “A história de vida de Filipe Martins e suas lutas pelas liberdades públicas e pelos direitos fundamentais caminham a seu favor”, afirmou o advogado.

Ao prestar depoimento sobre o caso, Martins afirmou que “não houve intuito específico [no gesto], pois estava na verdade ajustando seu terno”.

O assessor especial disse que, em razão de sua formação —ele é bacharel em relações internacionais— e atuação acadêmica, ele tem conhecimento das questões ideológicas ligadas aos temas de supremacismo, nazismo e extrema direita, além de ter noção do gesto supremacista a ele imputado.

Declarou ainda que “não há qualquer simbologia ligada a qualquer questão ideológica e tampouco finalidade ofensiva a quem quer que seja” e citou ainda “que o gesto foi involuntário”.

Folha de S. Paulo