Autoridades já procuram empresário bolsonarista fujão

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Foto: Silvia Zamboni/Ag. O Globo

A CPI da Covid do Senado pediu a condução coercitiva e apreensão do passaporte do empresário Carlos Wizard. O depoimento do bilionário estava previsto para esta quinta-feira (17), mas ele não compareceu.

Também estava marcado para esta quinta-feira o depoimento do auditor Alexandre Silva Marques, do Tribunal de Contas da União (TCU), mas a oitiva será remarcada porque a CPI foi encerrada mais cedo devido ao início da sessão deliberativa do Senado, iniciada pela manhã.

Um dos principais alvos da comissão, Carlos Wizard informou à CPI da Covid que está nos Estados Unidos acompanhando o tratamento médico de um parente e propôs prestar depoimento de forma remota, o que não foi aprovado pelos membros da comissão.

O empresário também foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido para permanecer em silêncio durante a sessão, o que foi concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso.

O bilionário é apontado como um dos integrantes do chamado gabinete paralelo, centro de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro na pandemia e que pregava o negacionismo, em particular a defesa da hidroxicloroquina e a recusa à vacina.

Wizard já teve na semana passada seus sigilos telefônicos e telemáticos quebrados pela comissão. A quebra é vista como uma forma de pressão, uma vez que enxergam que o empresário busca obstruir a apuração dos fatos que o envolvem.

As investigações da CPI estão direcionadas aos 14 integrantes do grupo de assessoramento ao presidente para temas ligados à pandemia e com defesa de teses negacionistas.

Por meses, ao largo do Ministério da Saúde, médicos, atuais e ex-assessores palacianos, um empresário bilionário e até um congressista desprezaram a importância da vacina e enalteceram, em sintonia com Bolsonaro, a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid.

Como a Folha mostrou, o gabinete paralelo participou de ao menos 24 reuniões no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada. Nelas estavam, por exemplo, a oncologista Nise Yamaguchi —em cinco encontros— e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), que foi a 11. Há elementos ainda da participação de mais seis médicos.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a CPI deverá votar até a semana que vem requerimento que pede a quebra de sigilo das empresas do bilionário.

Nesta quinta, durante rápica abertura da sessão, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), criticou a conduta do empresário.

“O que me espanta é um cidadão procurar o STF para conseguir uma habeas corpus para vir a essa CPI para ficar em silêncio nas perguntas que forem feitas a ele e ele não aparece. Então para que foi ao Supremo sendo que não vinha? O ministro Barros com certeza tem muitos afazeres dentro do trabalho como ministro do STF”, disse Omar.

Nesta sexta, a CPI ouvirá os médicos Ricardo Ariel Zimerman e Francisco Eduardo Cardoso Alves. A comissão também deve analisar requerimentos que pedem a convocação do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e pedido para realização de audiência sigilosa com o ex-governador Wilson Witzel.

Witzel, que sofreu impeachment, prestou depoimento à CPI na quarta (16) e solicitou uma reunião reservada com membros do colegiado para revelar fatos, segundo ele, em segredo de Justiça.

Ainda está na pauta de requerimentos a serem analisados pela comissão nesta sexta solicitação de quebra de sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático de Carlos Eduardo Sanchez, presidente do conglomerado de empresas que detém a farmacêutica EMS. Os senadores investigam se ele recebeu favorecimentos do governo federal.

Já para a próxima semana estão marcados depoimentos de dois membros do gabinete paralelo. Na terça-feira (22) será a vez do deputado Osmar Terra (MDB-RS). O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência Filipe Martins está previsto para sexta-feira (25).

Já na quarta-feira (16) é a vez do dirigente da Precisa, Francisco Emerson Maximiano.

Foram quebrados siligo de Emerson e pessoas ligadas a outras farmacêuticas, como Renato Spallicci, presidente da Apsen e José Alves Filho, da Vitamedic.

Além da suspeita de favorecimento do governo federal a essas empresas, os senadores também querem apurar se os laboratórios financiam entidades e associações médicas que passaram a defender medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.

Folha