Bolsonaro não quis ver estudos sobre situação pior de negros na pandemia

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O epidemiologista Pedro Hallal apresentou, nesta quinta-feira (24/6), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, um levantamento sobre o combate ao coronavírus no Brasil que mostra como a doença foi mais agressiva entre os mais pobres e a população não branca no Brasil. Parte deste levantamento apresentado pelo cientista foi exposta antes em coletiva no Palácio do Planalto, mas teve um dos slides censurados, conforme revelou Hallal ao colegiado.

A coletiva a que ele se refere aconteceu em 2 de julho do ano passado, com a presença de representantes do Ministério da Saúde e de Hallal, na época reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), para divulgar os resultados do EpiCovid, considerado pelos técnicos da pasta, naquele momento, “um dos maiores estudos de covid-19 do mundo”. Segundo o epidemiologista, um dos slides que abordava a diferença de infecções pela doença entre os grupos étnicos foi retirado da apresentação feita por ele.

“Este slide que apresentava a diferença pelos grupos étnicos foi censurado, repito o termo, censurado, na coletiva de imprensa no Palácio do Planalto na qual eu apresentei o resultado dessa pesquisa”, relatou Hallal. “Faltando 15 minutos para começar a minha apresentação, no Palácio do Planalto, eu fui informado, pela assessoria de comunicação, de que o slide tinha sido retirado da apresentação de slides a qual eu era o apresentador”, complementou o pesquisador.

À frente do evento em que o governo suprimiu a informação da contaminação da covid-19 por cor de pele estava o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, que está entre os depoentes da CPI que passaram a ser investigados pelos senadores.

Hallal ainda afirmou que pouco tempo depois da apresentação feita por ele, o Ministério da Saúde decidiu interromper o monitoramento por meio do estudo. Segundo ele, a interrupção foi feita “sem qualquer justificativa técnica”.

“Até porque, se formos discutir tecnicamente, um estudo publicado no Lancet Global Health poucos meses atrás pegou os mais de 500 estudos sorológicos que existiam até essa data no mundo e avaliou a qualidade metodológica. O EpiCovid foi um dos oito que tiraram nota máxima nos indicadores de qualidade”, completou.

A interrupção do estudo foi confirmada pela pasta da Saúde em 21 de julho. Na data, o então ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a pesquisa havia ficado regionalizada e que, por isso, não havia mais interesse por parte do governo em prosseguir com o estudo.

“A pesquisa estava muito boa, mas estava com dificuldades de ter uma posição nacional. […] O Brasil é muito heterogêneo e a gente precisaria de pesquisas individualizadas em cada região do país”, justificou o general.

À época, a especulação de que o governo federal não teria interesse em continuar com a pesquisa ocorreu desde a divulgação dos dados em coletiva de imprensa, em 2 de julho. Na ocasião, o coordenador do EpiCovid e então reitor da UFPel, Pedro Hallal, anunciou que havia seis vezes mais pessoas com anticorpos para a covid-19 do que o número de casos notificados.

Correio Braziliense  

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