Bolsonaro vai visitar Fux extraoficialmente

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Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

O presidente Jair Bolsonaro fez uma visita marcada de última hora ao Supremo Tribunal Federal (STF) no final da tarde desta terça-feira e reuniu-se com o ministro Luiz Fux, presidente da Corte, para uma conversa. O encontro, uma reunião reservada entre Bolsonaro e Fux, não estava previsto na agenda oficial de nenhum dos dois.

De acordo com a assessoria de imprensa do Supremo, o convite para a visita foi feito por Fux após uma conversa telefônica e, por isso, não foi incluída nas agendas oficiais. O encontro durou 20 minutos e ocorreu no gabinete da Presidência da Corte.

Também segundo informações do STF, Fux pediu que, por cortesia, o presidente da República aguarde a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, no dia 5 de julho julho, antes de indicar um novo nome para o cargo.

Os nomes de possíveis indicados ao cargo não chegaram a ser tratados, mas os mais cotados são do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça,e do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins.

Para a vaga de Marco Aurélio, Bolsonaro prometeu finalmente indicar um nome “terrivelmente evangélico” em aceno às lideranças cristãs. Mendonça é pastor prebisteriano, Martins é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

O encontro também ocorreu logo após Fux ter marcado julgamento de ações que querem barrar a realização da Copa América no país. Bolsonaro deu carta branca para que o torneio seja realizado no Brasil, após a recusa de Argentina e Colômbia por causa da pandemia da covid-19. Interlocutores do STF, porém, negam que o torneio tenha sido tratado na conversa.

Antes de ir ao STF, Bolsonaro se reuniu em seu gabinete com os ministros Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Defesa) e Anderson Torres (Justiça).

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro vai ao Supremo em visita de última hora. Em setembro do ano passado, o presidente foi ao STF sem avisar e entrou no Plenário da Corte durante a sessão de julgamentos.

Em maio de 2020, ele atravessou a Praça dos Três Poderes em Brasília a pé acompanhado de ministros e empresários para pedir que as medidas restritivas nos estados fossem amenizadas. Nesta terça, o presidente foi de carro até o Supremo, onde entrou pela garagem.

O desgaste entre o presidente e o Supremo tem se acentuado em relação às medidas tomadas em meio à pandemia do coronavírus. Desde o início da crise sanitária, o STF tem imposto derrotas ao presidente — que responde com ataques à Corte e aos ministros.

Contra as medidas de restrição impostas por estados e municípios com aval do STF, o governo Bolsonaro entrou, no último dia 27, com uma ação contra os decretos de Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Por meio da AGU, o presidente questionou se estão de acordo com a Constituição as normas adotadas por esses governos para restringir a circulação de pessoas. A ação está com o ministro Luís Roberto Barroso e ainda não foi julgada.

O Globo