Bolsonaro vê filiação ao Patriota com ‘meio caminho andado’

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Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro comunicou a parlamentares do PSL, aliados do governo, que sua filiação ao Patriota está com “meio caminho andado”, apesar da disputa interna entre dirigentes do partido. Na reunião no final da tarde desta quarta-feira no Palácio da Alvorada, Bolsonaro demonstrou confiança que a situação será resolvida nas “próximas semanas” pelo senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o presidente do Patriota, Adilson Barroso.

Segundo relatos de participantes da reunião, Bolsonaro afirmou ainda que não tem chance de retornar ao PSL – sigla pelo qual se elegeu em 2018. Alguns deputados, mais uma vez, fizeram um apelo para que o presidente reavaliasse, uma vez que o PSL é dono da segunda maior fatia do fundo eleitoral e de tempo de TV, somente atrás do PT. Aliados argumentaram que a sigla, antes um nanico, só alcançou esta condição por causa do presidente. A torcida entre alguns é que Bolsonaro reveja a decisão.

Bolsonaro, por sua vez, disse a aliados que ninguém será obrigado a mudar de partido. Entretanto, parlamentares mais próximos ao Palácio do Planalto também devem fazer a migração. Estiveram na reunião nesta quarta-feira os deputados Hélio Lopes, Carlos Jordy, Carla Zambelli e Bia Kicis, entre outros.

Bolsonaro tem demonstrado sua intenção de definir, ainda neste ano, por qual partido será candidato em 2022. O presidente sempre reforçou que deseja uma sigla que seja sua, isso é, sobre a qual tenha total poder de decisão, incluindo nomeações para diretórios e outros postos da hierarquia partidária.

Articulador político do clã Bolsonaro, Flávio ingressou no Patriota no dia 31 de maio. No dia seguinte, Bolsonaro recebeu o convite do presidente da legenda para também se filiar. Barroso, no entanto, é acusado de cometer irregularidades para obter maioria na sigla e garantir o partido ao grupo do presidente da República.

Barroso já realizou duas convenção para tentar mudar as regras internas do Patriota. A ala representada pelo vice-presidente, Ovasco Resende, entretanto, promete entrar na Justiça para reverter a decisão.

Além disso, outros nomes do partido já indicaram que deixariam a sigla caso Bolsonaro entre, como o deputado estadual por São Paulo, Arthur do Val, cotado para ser candidato a governador do estado no ano que vem.

O Patriota quase recebeu o presidente Bolsonaro em 2018, antes de sua filiação ao PSL. Um evento para marcar a entrada do então deputado federal no partido chegou a ser marcada e o próprio nome da sigla, até então Partido Ecológico Nacional, foi alterado a pedido de Bolsonaro. Entretanto, de última hora, por recomendação de aliados, Bolsonaro desistiu de se filiar e escolheu o PSL, partido pelo qual foi eleito.

Nesta quarta-feira, Ovasco Resende convocou uma nova convenção da sigla para o dia 24 de junho como forma de barrar as mudanças feitas por Barroso. Essa é a terceira convenção do partido marcada nas últimas semanas.

Na primeira, realizada no dia 31 de maio, houve mudança do estatuto e Flávio Bolsonaro filiou-se à legenda. Entretanto, o grupo de Resende apontou irregularidades e um cartório de Brasília emitiu uma nota devolutiva — documento utilizado para cobrar esclarecimentos — dando 30 dias para a entrega de documentos que explicassem a “eventual não satisfação do quorum qualificado” na convenção.

Após a contestação do cartório, uma outra convenção foi convocada por Barroso e realizada na última segunda-feira, novamente com mudança no estatuto. No evento, Barroso disse que esperava ter solucionado as contestações sobre o quorum. Flávio participou da convenção e fez um discurso apaziguador, dizendo que disputa interna só traz prejuízos.

O Globo