CBF não tem noção de como organizar a Copa América

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Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Um dia depois de divulgar que a Copa América será no Brasil, a Conmebol encontra dificuldade para anunciar os estádios que serão sedes. A CBF, que segundo o governo Bolsonaro deveria negociar com os estados, adota o silêncio, principalmente após a chuva de críticas ao Executivo federal pela possível realização do torneio.

A briga política em torno da competição fez a entidade que comanda o futebol no país agir como coadjuvante, e o presidente Rogério Caboclo aproveita a situação para se blindar. Para o cartola, o foco no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é bem-vindo, já que o ônus querer trazer o evento ao Brasil tem sido do governo federal.

A repercussão da Copa América tirou o foco de duas crises recentes vividas pela CBF nas últimas semanas. Uma sobre um suposto desvio de conduta de Caboclo com uma funcionária, afastada sob alegação de problemas de saúde, e outra envolvendo Neymar, melhor jogador da seleção brasileira, e a Nike, principal patrocinadora da confederação.

A entidade entende que a realização da Copa América não trará nenhum prejuízo para o sistema de saúde. E que também não deverá paralisar as competições nacionais, como Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, durante a competição sul-americana, com início no dia 13 de junho e final em 10 de julho.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) conseguiu o aval apenas do Distrito Federal e do Rio de Janeiro até a manhã desta terça-feira (1º).

São estados onde os governadores são alinhados ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Há possibilidade de que a final da Copa América seja realizada no Rio de Janeiro, no Maracanã, e com a presença de público. Esse foi um pedido feito pelo presidente da confederação sul-americana, Alejandro Domínguez, a Bolsonaro.

Diante da repercussão negativa de o Brasil, durante a pandemia de Covid-19, receber o evento, a CBF deixou para o governo federal as articulações com os governadores, entre eles, Goiás e Mato Grosso, com exceção de São Paulo – onde João Doria (PSDB), rival político de Bolsonaro, foi procurado por Walter Feldman, secretário-geral da CBF.

Desde a última segunda-feira (31), integrantes do governo federal têm participado ativamente das discussões de possíveis sedes, apesar de o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, ter dito no Twitter que isso era de responsabilidade da CBF.

Políticos identificados com o bolsonarismo têm ajudado também nas articulações, embora tenham esbarrado no medo de prefeitos e governadores em como a decisão de abrigar o evento será vista pelos eleitores. Governo e CBF consideravam Recife, por exemplo, um nome certo. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), descartou a possibilidade de o estado aceitar a escolha.

Bolsonaro se surpreendeu com a rapidez do anúncio feito pela Conmebol, pouco depois da conversa que teve com Domínguez e antes que o governo pudesse conversar com qualquer governador ou prefeito sobre o tema.

“No que depender de mim, todos os ministros —inclusive o da Saúde—, já está acertado, haverá [Copa América no Brasil]. Protocolo é o mesmo da Libertadores, da Sul-Americana, é a mesma coisa”, disse Bolsonaro na manhã desta terça, ao sair do Palácio da Alvorada.

Folha