Confira a lista de informações falsas divulgadas por Osmar Terra

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Depoente desta terça-feira (22) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) se notabilizou por previsões erradas ao longo de toda a crise do coronavírus. Desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia, em 11 março do ano passado, Terra vem minimizando os efeitos da doença na sociedade e defendido a tese de que os casos e mortes vão diminuir sem a vacina, por meio da imunidade de rebanho.

Neste período, o deputado fez reiterados prognósticos sobre o fim da pandemia, que não se confirmaram. O parlamentar também afirmou que os casos de coronavírus seriam menores em relação aos registrados na epidemia de H1N1, sustentou que não haveria uma segunda onda de infecções, alegou falta de necessidade de medidas de isolamento social, declarou em dezembro de 2020 que estávamos prestes a chegar à imunidade de rebanho, e asseverou que não o fim da pandemia não depende das vacinas.

Mesmo com esse repertório de erros, Terra é um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre medidas de combate à pandemia. Ele é apontado como organizador de um “gabinete paralelo” de assessoramento que orientava Bolsonaro a adotar medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19. A atuação do parlamentar em uma espécie de “Ministério da Saúde extraoficial” e suas previsões equivocadas serão abordadas durante a sessão de hoje na CPI da Covid-19.

Veja abaixo as principais previsões erradas de Terra:

Comparação com H1N1
Em 18 de março do ano passado, Osmar Terra falou sobre a pandemia em uma entrevista à TV Senado. Na ocasião, o deputado afirmou que os efeitos da Covid-19 seriam menores e “com muito menos danos para a população do que a epidemia do H1N1”.

Terra voltou a comparar a pandemia com a H1N1 em 26 de março do ano passado. Em entrevista à Jovem Pan, o deputado ressaltou que “não fechamos um restaurante” e que “ninguém pregou quarentena e foi muito mais grave, e matou muito mais gente do que o coronavírus vai matar”.

Terra previu a chegada do ápice da pandemia em diversas oportunidades. A primeira delas foi ainda em 7 de abril do ano passado, em entrevista à Rádio Bandeirantes. Na ocasião, o deputado disse que o pico seria alcançado em “no máximo duas semanas, até menos”. Em julho do ano passado, Terra foi taxativo e afirmou que o pico de contágio da Covid-19 no Brasil “aconteceu no final de abril/início de maio, e de lá para cá as internações caem rapidamente”.

Indicado pela OMS como eficaz para diminuir a taxa de contágio do coronavírus, o isolamento social foi atacado por Terra reiteradamente. O deputado classificou a medida como inútil pelo menos 27 vezes no Twitter, ao mencionar as experiências de combate à pandemia em São Paulo, no Rio Grande do Sul, na Argentina e em Nova Iorque, entre outros lugares.

 

Em 23 de abril do ano passado, Osmar Terra foi taxativo: “nós vamos entrar junho já praticamente sem epidemia no Brasil”, disse, em vídeo publicado nas redes sociais. Em 10 de julho, com a pandemia ainda em alta, Terra justificou o aumento de casos e mortes com o frio. E voltou a sustentar que o pior passaria em duas ou três semanas.

 

Terra também falou em entrevistas sobre variantes do coronavírus. Em 27 de maio do ano passado ele foi questionado sobre mutações do vírus e a possibilidade de recontaminação. Em resposta, o deputado afirmou que “não tem esse problema, que (o coronavírus) pode ser um pouquinho diferente um do outro e tal, mas não tem esse risco de acontecer, senão as epidemias não acabavam nunca”. Para Terra, o único efeito das variantes seria o adiamento da imunidade de rebanho.

 

Quando os casos começaram a aumentar no Amazonas, Terra afirmou que “inventaram” um novo surto no estado. A declaração do deputado foi em setembro, quando especialistas começaram a alertar sobre a possibilidade de crescimento do número de casos e mortes nos próximos meses. No fim de 2020, o sistema de saúde do estado entrou em colapso e pessoas chegaram a morrer por falta de oxigênio em hospitais. De acordo com especialistas, o Brasil está prestes a entrar na terceira onda.

 

Terra deu declarações nas quais afirma que a pandemia vai acabar sem vacina. A primeira delas foi em 10 de julho do ano passado, em entrevista à Jovem Pan. Em dezembro, o deputado publicou um vídeo no qual sustenta que “é bem provável que em algumas semanas cheguemos à imunidade coletiva, ou imunidade de rebanho, e o surto epidêmico termine”.

Em algumas publicações no Twitter, Terra afirmou que a imunidade de rebanho pode ser alcançada com o contágio de 60% a 80% da população.

Quando Araraquara fez um lockdown e conseguiu reduzir os novos casos e mortes por Covid-19, Terra negou a efetividade da medida de isolamento social. O deputado atribuiu a mudança de cenário à imunidade de rebanho, pois Araraquara tinha sofrido com colapso no sistema de saúde durante um pico de infecções.

No entanto, sem a imunização proporcionada pelas vacinas, o município decretou novo lockdown na semana passada.

 

Em fevereiro de 2021, Terra ainda defendia o fim da pandemia sem as vacinas, por meio da imunidade de rebanho. “Estamos diante de uma desinformação. Não me parece proposital, mas ela cumpre um objetivo de assustar as pessoas e parecer que nós estamos dependendo da vacina para terminar essa pandemia”, afirmou.

No mês seguinte, Terra escreveu em seu Twitter que o Brasil tinha “mais de 100 milhões já vacinados pelo próprio vírus”, em referência a uma suposta imunização permanente daqueles já infectados.

O Globo